Por Léo Mittaraquis (*)
Quando lançado no Brasil, em 1997, “Vinho Branco Para Leigos” já havia alcançado o invejável número de trinta milhões de cópias vendidas em todo o mundo. Passados vinte e sete anos, a obra continua essencial. Os leitores que conhecem mais do que o nível comum sobre vinhos brancos e respectiva produção atual, poderão ajustar um dado ou outro, mas o generoso volume de informações do livro continua útil e, na maior parte, tecnicamente atual.
E quem são os autores?
Ed McCarthy é experiente professor de enologia, colabora com as conceituadas publicações “Wine Enthusiast” e “Wine Journal”.
Mary Ewing-Mulligan é a única mulher americana a possuir o título de Master of Wine, o mais alto nível de conhecimento no mundo dos vinhos. É coproprietária e diretora do Centro Internacional do Vinho, em Nova York.
Enfim, estou a sugerir leitura das mais qualificadas.
Um dos motivos para que a dupla se decidisse por publicar uma obra dedicada exclusivamente aos vinhos brancos foi desmitificar o fascínio exercido pelo vinho tinto.
Ainda há gente que nem considera vinho branco realmente um vinho. Todo o simbolismo, justificado ou não, em torno da cor vermelha meio que explica essa situação. Felizmente a coisa está a mudar, portanto, a melhorar já há algum tempo.
O motivo subsequente foi o de não entregar apenas um manualzinho voltado para informações gerais e superficiais. Nada disso. O livro tem trezentas e dezenove páginas ricas em informações detalhadas. E os estilos de escrita combinados de McCarthy e Ewing-Mulligan oferecem leitura agradável, sem descambar para o simplismo irresponsável.
Os autores, em uníssono, seguem com orientações sobre os rótulos clássicos de vinhos brancos, a respectiva harmonização com peixes e outras possibilidades, levando-se em consideração, inclusive, as texturas.
Como eles mesmos dizem, é um mundo, um vasto mundo.
Mais adiante, o especial destaque que concedem à Chardonnay mais que se justifica. O livro, em parte, foi escrito de forma a ser, de fato, voltado ao segmento consumidor americano. Assinalam que esta uva, ou melhor dizendo, este vinho branco e seco, é o mais popular, principalmente se for produzido na California.
A Zinfandel (Primitivo na Itália) é sua mais forte concorrente, mas ainda ocupa o segundo lugar.
Mas não pense, caro leitor, que tudo é Chardonnay na vida.
Os autores percorrem praticamente todo o hemisfério sul e incluem vinhos brancos da Austrália, Nova Zelândia e África do Sul.
Sobem um pouco de volta e visitam Bordeaux e Bourgogne. Depois, se dirigem à Alemanha, onde provam os Riesling, os Rülander (Pinot Gris), os Scheurebe, dentre outros.
Ou seja: é uma obra produzida com o objetivo de ensinar a quem quer mesmo aprender sobre vinhos brancos.
Tanto mais útil quando contribui para reduzir ao devido nível de importância, a discussão chata e oxidada: o que é melhor, vinho tinto ou vinho branco? Um é mais sofisticado que o outro?
Sim, como disse acima, a compreensão sobre o beber vinho tinto e o vinho branco tem melhorado. Entretanto, há quem teime em cultivar essa rivalidade antiga e sem sentido.
Cabe a nós, cultuadores do nobre ritual de beber bons vinhos, reverter, ao máximo tal situação.
Santé!
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