Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*)
Eles estão juntos há 25 anos. Firmados como um dos maiores representantes da música sergipana, seguem nos bares da vida fazendo um som de qualidade e canções de alto nível, mantendo um público fiel e seleto e que ainda se renova. Na contramão, artistas sem nenhuma competência musical arrastam multidões para ouvir palavrões, depreciação do amor e letras que não passam de um parágrafo, que dirá o refrão.
Parte do seu jubileu de prata tem com a cidade de Lagarto uma relação muito especial. Assim, sempre retornam ao município do centro-sul sergipano atraindo as atenções de todos. Tanto um como o outro têm passagens pela cidade que marcaram suas carreiras, seja solo ou em dupla. Eu, particularmente, tenho quase todos os CDs e o clássico LP de Chiko Queiroga, “Cor de Laranja” (1990), um valioso presente de Márcia Farias, prima de minha esposa.
A dupla Chiko Queiroga e Antônio Rogério foi criada em 1998. Chiko, carioca de nascimento e sergipano de coração, está celebrando, em 2024, 60 anos de vida. Naturalizado aracajuano ainda criança, estudou no Conservatório de Música de Sergipe, nos anos 80, quando criou gosto e habilidade pelo violão. É cidadão aracajuano e sergipano e fez fama a partir dos anos 90, lançando seus primeiros discos, entre eles, “Pálpebras”, de 1997.
Antônio Rogério é aracajuano, e a exemplo de Queiroga também estudou violão no Conservatório de Música de Sergipe, estreando artisticamente em 1984 com a canção “O dia e a noite”, como participante do Festival Novo Canto, em Aracaju. Foi baixista no LP “Cor de Laranja”, de Chiko Queiroga, e em 1995, participou do “Festival canta Nordeste”, promovido pela Rede Globo Nordeste, o que lhe permitiu, por ter estado entre os finalistas, a primeira oportunidade de ter uma canção sua gravada em CD. Seu primeiro trabalho solo foi “Serpente” (1997).
Chiko Queiroga e Antônio Rogério estrearam sua discografia com “Chiko Queiroga e Antonio Rogério ao vivo” (1998), um CD icônico, ao lado de “Canta-SE” (2003). Versáteis e musicistas espetaculares, executam seus próprios repertórios, além de outros artistas nacionais. Suas vozes se completam em um movimento uníssono perfeito, harmonicamente ajustados nos estúdios, nos palcos e na vida.
Entre os feitos da dupla, destaque para os seguintes projetos e prêmios: Pinxingão (1989, Sul) com o cantor Biafra; em 1999, a convite de Willian Lennon, diretor do Center For International Students And Scholars – Tulane University de New Orleans, estado da Lousiana, EUA, a dupla apresentou-se no Festival de Inverno promovido pela universidade; no ano 2000, se apresentaram no JazzFest de New Orleans-Lousiana (EUA), representando o Brasil ao lado de nomes importantes do jazz.; Pixinguinha (2004, Sudeste, Centro-Oeste e Norte) e o Festival Festa da música brasileira (RJ). Em julho de 2005, foram convidados para integrar a Caravana 8 do projeto Pixinguinha, em homenagem ao ano do Brasil na França no espaço Brasil/França, no “correau du temple”, Paris, ao lado de Nelson Sargento, Áurea Martins e Arismar do Espírito Santo.
Carreira internacional que os levou para outros lugares e trabalhos, a exemplo do IGA Jazz Fest – Festival de Jazz do Instituto Guatemalteco Americano (Guatemala – América Central, em 2004) junto com a harpista americana Patrice Fisher. Em 2006 e 2007, uma turnê pela Guatemala, Honduras, USA e Brasil no projeto música das três Américas ao lado da harpista americana Patrice Fisher, percussionista Lennin Fernandes e do violinista hondurenho Agel Rios.
Sem falar, para além das fronteiras sergipanas, no Brasil, em suas participações no programa de Rolando Boldrin (1936-2022), a primeira em 2006 e a segunda em 2012, deixando o cantor e apresentador de “Senhor do Brasil” (TV Cultura) encantado, com lágrimas nos olhos e um sorriso aberto e franco no rosto, ao som de canções como “Serpente”. Tendo se apresentado, também, em nível nacional, para Leda Nagle no “Sem Censura” e para Fernando Faro em “Viola minha viola”.
No último sábado, 2 de março, a dupla esteve mais uma vez em Lagarto, no Bangalô Memorial. Infelizmente, o público não lotou o espaço, mas os fãs que se fizeram presentes viram outra apresentação magistral de Chiko Queiroga e Antônio Rogério, com uma participação especial do cantor Izael Sertão, da cidade de Paulo Afonso-BA, interpretando os sucessos de Jerry Adriani (1947-2017).
Com casa cheia ou não, Chiko Queiroga e Antônio Rogério fazem questão de dar o melhor deles e nós agradecemos muito por suas existências e talentos singulares e especiais, o que tornam as nossas vidas um belo cenário de onde podemos mirar as ondas do mar (de Atalaia), ao som do melhor da música sergipana.