Por Emerson Sousa (*)
Antes de qualquer coisa, um aviso: você não faz parte dos Ricos.
Primeiro, porque você, enquanto um CPF, não tem uma renda anual de R$ 10,1 milhões e nem um patrimônio de R$ 331,6 milhões, ambos declarados junto à Secretaria da Receita Federal.
Segundo, porque, ainda que você tenha formação em Neurocirurgia, você ainda precisa vender suas habilidades, suas competências e suas aptidões para sobreviver.
Pare de fazer isso e, em pouco tempo, você vai experimentar uma forte queda no teu padrão de vida.
E Ricos não trabalham. Podem até despender esforços, mas Ricos não trabalham.
Feito esse esclarecimento, vamos ao texto.
Respondendo à pergunta-título: para nada!
No contexto do processo de produção social de riquezas, Ricos são funcionalmente inúteis e dispensáveis.
Desde que o Ser Humano se entende por gente, a criação de riquezas – compostas por todos os itens que nos garantem segurança, bem-estar e conforto – é um processo coletivo.
Isso quer dizer que todas as pessoas, de um modo ou de outro, estão envolvidas com esse objetivo.
Para você ter ideia do que falo: imagine como seria a construção de microprocessadores se, nas cantinas dessas fábricas, não houvesse uma garrafa térmica com café recém passado ou, nas suas portarias, não houvesse vigilantes de plantão.
E como seria a nossa labuta cotidiana se não houvesse atrizes e atores, cantores, garçons, bancárias, professores, sacerdotes, borracheiros e policiais?
Sim, cada uma dessas figuras está contribuindo para a constituição de nosso quadro social.
Todas elas estão cooperando para a construção da riqueza coletiva.
Mas e os Ricos?
Bom, eles são supérfluos.
Em termos práticos, eles nada agregam ao volume de bens e serviços providos pela sociedade.
Ricos não definem como algo deve ser feito, isso é feito pelos administradores por eles contratados.
Ricos não estabelecem em como os materiais devem ser combinados, esse papel é dos seus engenheiros.
Ricos não determinam como as coisas devem ser ensinadas, essa é uma atribuição de professores e educadores a eles submetidos.
Mas o que os Ricos, então, fazem?
Em termos de adição de valor ao processo produtivo, nada!
Eles apenas usam o poder político que têm para fixar o como eles vão se apropriar da riqueza socialmente produzida.
Donos de grandes construtoras não riscam uma linha sequer num cálculo estrutural ou na confecção de uma planta baixa, eles apenas negociam com o poder público em que parte das cidades eles irão ficar mais ricos.
Donos de grandes faculdades não perdem um minuto sequer participando de uma jornada pedagógica ou planejando uma simples aula, eles apenas procuram oportunidades com a nossa sede de conhecimento.
Donos de grandes empresas de transportes públicos ou de cargas não sabem o que é dirigir uma condução lotada ou ter que acionar o freio motor, eles apenas se interessam por como colocar seus motoristas mais tempo nas ruas.
Donos de grandes usinas de açúcar não gastam seu tempo cortando um bago de cana que seja, eles tão somente são atraídos pelos juros subsidiados do financiamento agrícola.
Ou seja, Ricos não criam riqueza, eles se apropriam dela.
E eles se apropriam dessa riqueza por meio da Política.
Tanto a Política eleitoral, quando eles se utilizam dos representantes sociais para definir os padrões de regulação coletiva, quanto da Política em um sentido mais amplo, quando eles se valem de seu poder e influência para assentar as próprias regras do processo de distribuição da riqueza socialmente produzida.
Vamos aos exemplos: quando as grandes firmas estão à beira da falência não é incomum que surja alguém sugerindo um socorro a elas ou que, quando o assunto é desenvolvimento econômico, apareçam outras advogando concessão de isenções ou favores fiscais às grandes corporações.
Agora, veja o que te acontece se você vier a público para propor uma lei na qual pessoas desempregadas passem a não pagar pelo transporte público até que elas voltem a trabalhar.
Não vai rolar, não é?
Por que isso acontece?
Porque a principal ocupação dos Ricos não é produzir, mas sim controlar as condições de produção de modo a garantir seus níveis de acumulação ou, de modo mais claro, a sua lucratividade.
E nem tente resgatar aquela mítica figura do Empresário Inovador.
Afinal, há décadas que esse personagem não mais existe.
Desde meados do Século XX, o avanço tecnológico passou a ser uma variável sob domínio dos Departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento e das Diretorias Executivas das grandes corporações.
E não venha me dizer que você acredita naquela estória de “dois jovens gênios da tecnologia numa garagem…”, porque isso é fábula.
Saiba que você não precisa acreditar em mim, mas bem que poderia dar ouvidos ao Noam Chomsky e procurar saber o que ele tem a dizer sobre isso bem aqui neste hiperlink.
Ricos são inúteis e redundantes, o mundo continuaria funcionando tranquilamente sem eles.
Minto!
O mundo passaria a funcionar até melhor sem eles, porque a garantia de seus níveis de acumulação (lucratividade) deixaria de ser mais um problema com que nos preocuparmos e poderíamos dar melhor atenção aos nossos próprios problemas.
Então, saiba: Ricos são disfuncionais e desnecessários.
Não são os promotores do desenvolvimento, são apenas oportunistas que se aproveitam de nossa fraqueza política para nos dizer como devemos trabalhar para fazê-los mais ricos.
Não são vetores de transformações e avanços, pelo contrário, eles são barreiras de contenção dos avanços sociais.
Você duvida?
Então, pede a um deles uma opinião sobre temas tais como redução da jornada de trabalho ou a implementação de sistemas tributários progressivos e espere por uma enxurrada de conjunções adversativas.
Eles não querem papo com esse tipo de coisa, nunca quiseram.
E, guarde isso consigo: eles nunca vão querer!
Por quê?
Porque, para os Ricos, já que eles são entes alienígenas ao processo produtivo, desenvolvimento social é só mais uma rubrica de despesa.
Afinal, nunca se esqueça disso: eles são apenas parasitas imprestáveis.
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