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Por Luiz Thadeu Nunes (*)

 

Sexta-feira, 26/07, desmarquei todos os compromissos, refestelei-me no sofá e, durante quatro horas, assisti à belíssima abertura das Olimpíadas de Paris.

Diferente de tudo que se viu antes, a festa de abertura foi ao longo de seis km do rio Sena, que corta a Cidade Luz, e já entrou para história.

A cerimônia repleta de ineditismos marcou a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris. Realizada pela primeira vez fora de um estádio, a 33ª edição da competição reuniu mais de 300 mil pessoas às margens do rio Sena e de outros icônicos pontos da capital francesa. Nem a chuva que caiu o tempo todo, arrefeceu a grandeza da festa.

Espetáculos artísticos variados tomaram por palco os símbolos históricos da cidade-luz e se intercalaram com o tradicional desfile das delegações — que, desta vez, ocorreu não a pé, mas num inovador passeio de barco. Ao longo de quatro horas e em cada um de seus detalhes, o evento ressaltou valores olímpicos como amizade, excelência e respeito, sintetizados nas reiteradas e explícitas referências à diversidade.

Exaltaram-se não só os benefícios de um país multicultural, mas também as vantagens de uma sociedade que se propõe a abraçar todas as diferenças e incluir os desiguais — o que não é pouca coisa em uma Europa que assiste ao avanço do discurso anti-imigração. Para mim, o ponto alto da festa de abertura foi a cantora canadense Celine Dion, interpretando “L’hymne à amour” de Edith Piaf. Celine que há cinco anos não se apresentava em público por causa da SPR, Síndrome da Pessoa Rígida, que assola seu corpo, foi ovacionada pela maravilhosa interpretação.

Primeira cidade a sediar os Jogos Olímpicos pela terceira vez — as anteriores foram em 1900 e 1924 — Paris soube explorar seus cartões-postais para garantir a beleza única da abertura e, não contente, valeu-se de recursos televisivos voltados ao entretenimento dos milhões de espectadores ao redor do planeta.

Mas os jogos de Paris estão despertando preocupações já conhecidas: vale a pena sediar os jogos em uma cidade entupida de turistas? Eles precisam ser uma calamidade ambiental? E quanto às difíceis decisões políticas em torno das participações e protestos?

Paris é a cidade mais visitada do mundo, todos os anos recebe 60 milhões de turistas, dez vezes mais do que o Brasil recebe no mesmo período, mesmo sendo um país continental e cheio de belezas naturais, centros culturais e ótima gastronomia.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) tem lidado com essas questões na tentativa de romper os ciclos de dúvida que parecem acompanhar cada edição. Os jogos em Paris irão revelar que se encontraram novas soluções inteligentes para os problemas antigos e persistentes.

Um século atrás a capital francesa sediou as Olimpíadas pela primeira vez. Naquela época, 3.000 atletas representando 44 países competiram em 126 eventos de medalhas. O evento deste ano contará com 10,5 mil atletas de 206 países e 329 eventos de medalhas. Quase 9 milhões de ingressos foram vendidos — um novo recorde.

Ao mesmo tempo, o comitê deseja conter o crescimento das Olimpíadas para reduzir tanto os custos quanto os danos ambientais. O órgão limitou o número de atletas para os jogos de verão e priorizou candidaturas que exigem infraestrutura mínima. Dos novos locais a serem usados em Paris, apenas três são estruturas permanentes e construídas para o propósito. Os organizadores esperam que os cenários sublimes compensem os assentos temporários.

Em Paris, os organizadores querem os jogos “mais verdes de todos os tempos” e esperam reduzir as emissões de gases poluentes pela metade em relação aos níveis de Rio e Londres. Eles planejam usar apenas energia renovável e compensar as emissões por meio da compra de créditos de carbono.

Os ambientalistas estão céticos e algumas iniciativas parecem superficiais. O ar-condicionado está proibido na vila olímpica mesmo que, assim como a maioria dos eletrodomésticos na França, fosse alimentado por energia nuclear.

Polêmicas à parte, como disse o escritor americano Ernest Hemingway, que morou em Paris no seu apogeu cultural, “Paris é uma festa”.

 

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Luiz Thadeu Nunes

Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o homem mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.  Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências; ATHEAR, Academia Atheniense de Letras; e da AVL, Academia Vianense de Letras, membro da ABRASCI. E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br

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