Por Luiz Thadeu Nunes (*)
Estou em Brasília, vim no início da semana. Vim a trabalho. Não morro de amores pela capital federal. Acho-a esquisita. Uma cidade grande, espalhada, sem esquinas, que depende exclusivamente de carro. Até para comprar pão, ou tomar um simples café, tem que ir sobre quatro rodas.
Conheço bem Brasília, por aqui já aportei diversas vezes, hospedando-me em todos os quadriláteros da cidade. Do lago Paranoá, plano piloto, Gama, Núcleo Bandeirantes, setor Sudoeste, Taguatinga, chácaras em Vicente Pires, às cidades satélites. Até na Academia de Tênis de Brasília, um dos lugares mais exclusivos do DF me hospedei. Certa vez fui designado para um curso sobre Reforma Agrária, quando era funcionário do Incra, e o órgão nos colocou em um lugar que dificilmente eu entraria pagando. No café da manhã, dividia o local com ministros de Estado, que optavam por morar naquele local exclusivo, defronte ao lago Paranoá. Como o curso era em tempo integral, durante uma semana, não me lembro de ter comido tão bem em toda a vida.
Nesta vinda a Brasília, estou hospedado com um primo querido, Paulo Henrique Perna, que gentil e generosamente me acolheu. O apartamento fica em Águas Claras, área efervescente e nova fronteira da classe média do DF. Logo cedo, tomei café da manhã, chamei o carro de aplicativo. Chovia, amenizando o clima quente e seco que encontrei, quando desembarquei no aeroporto internacional de Brasília Juscelino Kubitschek. Embora seja nordestino não gosto de calor.
O carro chega, me acomodo no veículo, e caio em um engarrafamento quilométrico. Embora planejada, não conseguiu se livrar da praga dos engarrafamentos. O motorista pergunta de onde sou, iniciando uma conversa que se estendeu no percurso todo, arrefecendo minha ansiedade em não chegar atrasado para o compromisso da manhã, no Ministério do Turismo.
Digo que sou de São Luís do Maranhão. Começamos a falar sobre viagens, especialmente de minhas andanças pelo mundo. Mário, o motorista, 39 anos, se interessa pela conversa, fala de sua trajetória e enumera algumas perguntas. Fala que morou seis anos em Londres, Inglaterra e oito meses em Porto, Portugal. Pergunta qual o país que mais gostei de visitar. Falo que Austrália e Portugal.
Quando ouço falar na Cidade do Porto, meus pensamentos me levam imediatamente ao amigo Francisco Paco. Português de nascimento, carioca por adoção, brasileiro por amor, Francisco é bom papo por excelência. Fiz uma ligação, via WhatsApp, e Francisco, do outro do Atlântico, me atende. Coloco no viva voz, conectando Francisco e Mário. A conversa fluiu rapidamente, interligando duas pessoas que nunca se viram. Falam do lugar onde Mário morou no Porto e que Francisco conhece bem.
A chuva aumentou, amenizando o calor estafante. Driblamos o engarrafamento, finalmente chego no destino. Mário pede para tirarmos uma self para registrar nossa conversa, e mostrar para amigos e futuros usuários das corridas.