O ex-governador do Espírito Santos, Paulo Hartung, 64 anos, disse que “há uma torcida dos capixabas para que eu participe da política nacional com mandato, mas essa contribuição dos mandatos está bem resolvida”. A declaração foi feita hoje, 23, durante o almoço do Lide Sergipe, a convite do presidente da entidade, Victor Rollemberg, quando ele fez uma palestra com o tema “O cenário do Brasil em 2022”, para uma seleta plateia de empresários sergipanos, no auditório do Vidam Hotel.
Sem partido desde o final de 2018, “Paulo Hartung tem dito a interlocutores que só se filiará ao Partido Social Democrático (PSD) se for para participar de um projeto de alcance nacional. Ou seja, se for para ser candidato a vice-presidente ou até a Presidência da República pelo partido de Gilberto Kassab”, informa o jornalista do site ES360, Vítor Vogas. Segundo o jornalista, “Hartung só se filiará ao PSD para ser candidato a presidente ou (frise-se) a vice-presidente da República.”
Para os empresários do Lide Sergipe, Paulo Hartung usou eufemismo para falar sobre os anseios dos jovens nas eleições deste ano: “Os jovens estão buscando o botão certo para apertar”, referindo-se às urnas eleitorais. Questionado se seria “esse botão”, Hartung desconversa, diz que está mais preocupado na formação de líderes políticos – o Renova BR – e repete que seu ciclo de mandatos fechou.
Boas e más
Hartung afirmou que de positivo no atual governo foi ter concluído a privatização da Eletrobrás, “embora cheia de jabutis”; o marco regulatório do gás, das startups, cabotagem e ferrovias. “Não é pouco, não se pode ser cego. Temos que olhar onde estão os problemas, oportunidades, obstáculos e assim por diante. Começo falando de coisas boas, afinal estamos num almoço. Mas é curioso, terminamos o ano com ambiente ruim”, admitiu.
As “coisas boas” abriram o discurso, mas foram as trapalhadas do atual governo que deram o tempero do almoço com os empresários. O primeiro, e grave, na opinião de Hartung, foram os ataques às instituições democráticas, depois a condução da pandemia que vem desde 2020, o descaso com a Amazônia, a inflação indo para 12%, os milhões de desempregados no Brasil. E durante toda a palestra não citou nominalmente o presidente Jair Bolsonaro como autor das trapalhadas.
Entusiasta, Hartung garante que o Brasil tem potencial e poderá viver uma realidade melhor, “fazer o certo, com uma reforma tributária decente e modernizar o setor público. Hoje, estamos flertando com o caminho fácil da demagogia, com populismo. Estão vendendo terreno na lua e não nos dizem em que cartório podemos registrar”.
Economista, autor de livros – entre eles “Brasil desafios e propósitos” – o ex-governador capixaba sempre insiste em dizer que agora quer contribuir com a sociedade civil. “Se você ler meu livro, verá que é um militante que quer que o Brasil dê certo. Disputei oito eleições, graças a Deus passei por elas com trabalhos e deixei uma imagem bacana, respeitada no Brasil inteiro. Não fujo da raia”, garantiu.