Por Léo Mittaraquis (*)
Quem nos conhece sabe do nosso amor por São Paulo. No meu caso, não obstante ser carioca, a “Cidade Maravilhosa Cheia de Encantos Mil”, se mantém em terceiro lugar no coração, pois, antes dela ainda se impõe Curitiba.
Mas é sobre São Paulo o nosso papo neste sábado. A São Paulo para o intelectual, para o gosto clássico. E a cidade das ruas, dos bares de vinho, dos cafés, dos bares pés-duros nos quais nos sentimos tão bem.
Acampamos na Cásper Líbero, edifício Germaine Burchard, construído nos anos trinta, centro histórico de São Paulo.
Vantagem? Andar a pé pelos arredores, inclusive pela madrugada. Beber vinho, cerveja, média com leite…
E aí entabular, sem aviso prévio, conversa com o vizinho de balcão e com o atendente. É noite alta, segue as impressões sobre o dia anterior e as confidências.
E novamente bater perna sem pressa. Todo tipo de gente, inclusive nós, a fazer alguma coisa ou, simplesmente, a nada fazer.
Alguém nos aborda, de forma tranquila, cuidadosa, pergunta se podemos bancar um pão e um café em copo de plástico. Claro que sim.
Sempre que sento à mesa que fica na calçada ou ao balcão, deixo ao lado, meio que casualmente, a carteira de cigarros — Dunhill Carlton Blend é o meu favorito.
Então alguém se chega, avalia se deve ou não e, se conclui que sim, pede, com muito jeito, muita educação, um cigarro. A depender de quem, libero até mais de um. E se o (a) desconhecido (a) solicita, acendo, valendo-me do meu Zippo, com satisfação.
Acreditam, entre os simples que vagam pelas ruas ou atuam no mercado informal com sua banquinha, há quem reconheça o isqueiro. E tece elogiosos comentários fundamentados.
Há quem siga em frente, há quem fique de papo sereno. O frio Paulista, nesta época, é o assunto de capa.
Mas aparece gente com um “plus a mais”: ela, que vende meias (Iara comprou dois pares), agradece pelo cigarro e, ao ouvir nosso sobrenome, Mittaraquis, diz que seu marido é iugoslavo.
Ganhou quatro cigarros.
Ele pede um cigarro. Damos dois. Ele comenta sobre o vinho. Oferecemos uma taça. Ele aceita e senta para conversar. Vive nas ruas, é professor de História. Fica muito agradecido. Despede-se e segue.
O importante: ninguém quer se aproveitar. Alguns chegam a recusar algo a mais do que aquilo que pediram.
Estávamos no Paloma — Bar de Vinhos na base do COPAN. Uma senhora, habitante do planeta rua, entra repentinamente. Quer dinheiro para comprar remédio. Digo que grana, em espécie, não tenho. Mas que posso pedir algo do cardápio. Meio relutante, concorda. Faço o pedido. Neste ínterim, o segurança aparece. Quer retirá-la. Não é bruto, nem descortês. Procura demonstrar que está a cumprir ordens. Eu digo que ela está apenas aguardando a comida. Ele me cumprimenta e sai.
Ela é servida, agradece e some nas sombras dos meandros do antigo e icônico edifício.
Estivemos em locais sofisticados? Sim. O curso “Sensorial na Prática”, do qual participamos, ministrado pelo crítico gastronômico Ian Oliver, que aconteceu no restaurante IMMA, foi uma experiência muito significativa.
Quedei-me a dar tratos à bola: o que terá sido o motivo que levou os responsáveis pela nomeação da rua a escolherem o mais difícil dos filósofos?
Mais adiante, ói nóis em um bar despretensioso mas com boa comida e gente boa em volta.
Os vinhos se fizeram presentes em locais nos quais já esperávamos pela bebida e em bibocas das quais não esperávamos mais do que um simpático tira-gosto.
Assim é São Paulo. Assim foi nossa estadia. Parte dela, na verdade. Muito mais aconteceu.
Ei-nos a caminho de Aracaju.
Santé 🍷 🍷
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