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Pesquisa FGV: mesmo desempregados e em busca de trabalho, nordestinos dizem que são felizes

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A pesquisa Sondagem do Mercado do Trabalho Brasileiro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) sobre a região Nordeste mostrou um dado emblemático. Mesmo com o número alto de pessoas que desejam trabalhar numa empresa (76,7%) e de desempregados (24,7%), os nordestinos dizem que são felizes (7,6%) com a vida que levam. Para Flávio Ataliba, pesquisador associado do FGV Ibre, esse detalhe merece ser mais investigado, “pois mesmo com todas as dificuldades, os nordestinos têm um  grau de felicidade bem acentuado”. O portal Só Sergipe participou da  apresentação da pesquisa a convite da FGV.

A pesquisa, apresentada pelo economista do FGV Ibre, Rodolpho Tobler, hoje pela manhã, em Fortaleza,  mostra que a felicidade do nordestino é bem maior que a média brasileira que está em 7,2%, e ganha longe para os trabalhadores da regiões  Sudeste e Sul (7,1%). Os mais infelizes são os do Norte (6,8%). “Não é só questão da renda que vai trazer situação de felicidade maior, mas outros aspectos que precisamos entender. Talvez nas próximas sondagens possamos incluir perguntas adicionais para entender melhor o que está acontecendo”, destacou  Flávio Ataliba.

No Nordeste, 39,8% das pessoas entrevistadas disseram que trabalham por conta própria. Os que fazem isso alegaram que estavam desempregadas e precisavam de um rendimento (32,1%), com destaque também para o Norte, regiões onde os rendimentos médios são mais baixos para a média nacional. Nesse mesmo sentido, essas duas regiões foram as que apresentaram os maiores percentuais na opção de necessidade de uma fonte de renda extra.

Por outro lado, também se observa que parte desses trabalhadores não parece ter migrado para essa ocupação apenas por necessidade. Nas regiões Sul e Sudeste, a principal razão para esses trabalhadores estarem na categoria por conta própria foi a flexibilidade de horários, sugerindo que isso é mais por uma opção deles do que simplesmente por uma necessidade de ter fonte de renda. Independência também foi um fator bastante mencionado até em regiões como a do Nordeste, mostrando que existem esses dois lados na categoria, o de necessidade, mas também de uma nova dinâmica do mercado de trabalho onde eles escolhem estar ali.

E entre os que trabalham por conta própria,  no Nordeste 90,2% gostariam de ter carteira assinada ou CNPJ (abrir a própria empresa). A média nacional é de 87,2%. Nas demais regiões brasileiras, 88,0% dos nortistas; 82,4% do Centro Oeste; 88,2%, do Sudeste; e 82,1% da região sul, querem CNPJ ou carteira assinada.

Insegurança de renda

As pessoas também foram consultadas sobre a possibilidade de perderem o emprego ou fonte de renda. No resultado nacional, 58,7% das pessoas afirmaram ser improvável ou muito improvável isso acontecer, mas essa dinâmica tem diferenças nas grandes regiões do país. Nas regiões Norte e Nordeste, mais da metade afirmaram que é provável ou muito provável que isso aconteça nos próximos 12 meses, mostrando uma percepção de vulnerabilidade maior do que em outras regiões.

Esse resultado pode ter ligação com dois fatores muito importantes: são regiões onde a renda média é mais baixa, o que naturalmente já adiciona incerteza; e onde se encontram os maiores percentuais de trabalhadores em atividades informais, normalmente associadas a ocupações com menor estabilidade e maior risco.

A  pesquisa

A Sondagem do Mercado de Trabalho consulta, mensalmente, cerca de duas mil pessoas físicas com mais de 14 anos de idade em todo o território nacional. Os dados dessa primeira divulgação, foram coletados entre agosto e dezembro de 2022.

A próxima divulgação da Sondagem de Mercado de Trabalho ocorrerá em abril de 2023, em dia a ser informado com antecedência. A partir dessa divulgação, a pesquisa passará a ser divulgada trimestralmente, sempre nos primeiros meses do trimestre-calendário.

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Antônio Carlos Garcia

CEO do Só Sergipe

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