O colunista do UOL Jeferson Tenório em 05.12.22 nos trouxe um fato repleto de reflexões. Trata-se de Ronaldo, ex da Seleção Brasileira de futebol, e Vinícius Júnior debutando em Copa do Mundo, monstrando-se nas redes sociais comendo carne com ouro no Qatar. A cena é humilhante para milhões de famintos e revoltante para tantos outros que mesmo tendo boas condições de vida se indignaram com a indesejável ostentação.
Julgando-se idolatrados, esquecem que o país possui mais de 30 milhões de humanos vivendo na insegurança alimentar. Tal situação não sensibilizou Ronaldo e Vinícius Júnior que preferiram postar nas redes sociais comendo ouro com churrasco às gargalhadas. Como figuras públicas, entenderam que já não basta consumir tem que mostrar ao mundo; mostrar às pessoas que faz parte do pacote do consumo provocar o desejo das outras, propagandear a sustentação do capitalismo. Foram grampeados pelo tribunal das redes sociais. Para eles, desigualdade social, cultura e saber são secundários na distinção humana. A prevalência é fixada pelo consumo.
Ao ganharem milhões em dinheiro à custa da popularidade, fazendo às vezes publicidade mentirosa de produtos que não usam é gesto típico de estelionato publicitário. Induzem inocentes miseráveis a optarem por comprar produtos discutíveis para as condições do povo. Ronaldo, contraditoriamente, no Brasil, fazia propaganda indireta de uma cerveja nas comemorações de seus gols. Defender a ostentação agressiva contra uma maioria pobre que sustenta a popularidade de atletas e artistas é humilhar inocentes miseráveis.
Verdade que cada um usa sua riqueza como melhor lhe aprouver, desde que não prejudique o coletivo. Porém, ostentar agressivamente, humilhando milhões de admiradores que os idolatram e consomem produtos divulgados é estelionato mercantilista. Ganhar milhões em publicidades de produtos que não consomem e não acreditam é abusar da inocência alheia. Associar consumo a estilo de vida e estimular vício de comprar, interessa a quem? Serve a quem mostrar o que se está mastigando e engolindo?
Exemplarmente, outros atletas milionários, como Hakin Ziyech, do Marrocos, que doa desde 2015 tudo que recebe da seleção, são mais discretos. Não ostentam agressivamente e ainda possuem obras sociais em seus países. Que o ouro na medalha esportiva seja bem-vindo como simbologia para o atleta e para o povo, porém exorbitar em ostentação comendo ouro em churrasco agride, humilha e revolta.
Fato é que, artistas, atletas e outros profissionais que se utilizam da inocência da opinião pública na mídia para milionarizar suas contas bancárias têm responsabilidade social. Portanto, devem respeito às pessoas, em especial, aos mais humildes. Boa razão de justa convivência humana.
Quem vive e enriquece com o uso de sua imagem construída no âmbito popular deve ter cautela social. Ostentar materialmente o imponderável sobre a população é cruel para com os humildes economicamente, fútil para com a vida e debochante para quem pagou ingresso para assistí-los ao longo da atividade de atleta.
O ouro comido por Ronaldo e Vinícius vale apenas como “ouro de tolo” por ser desprovido de compromisso social, político e de espiritualidade.
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(*) Valtênio Paes de Oliveira é professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.
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