Cada dia se vislumbra mais pessoas passeando com seu pet por praças, jardins, calçadas, ruas e parques. Alguns levam em companhia até para casas comerciais, hospitais e farmácias. Assumir relação de parentesco (filho, mãe, pai, avós), festas de aniversário e sepultamentos com formalidades humanas são comuns. Mas, o que leva pessoas a se dedicarem tanto aos pets em detrimento dos humanos? Recentemente alguém matou outra pessoa porque seu pet fora atropelado.
Com oito bilhões de pessoas vivendo no planeta, aumentou a disputa pelo espaço de convivência. Conciliar desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e desenvolvimento ambiental é imperativo, que se interdependem para o bem coletivo da humanidade. E fezes nestes espaços públicos preocupam qualquer pessoa que preze pela saúde pública. Mesmo quem recolhe com saco plástico deixa saldos no local e permite que insetos levem doenças para terceiros.
Várias doenças causadas por vermes (ancilostomíase, toxocaríase e outros), protozoários como a giardíase e toxoplasmose, por vírus parvovirose e por inúmeras bactérias podem atingir pessoas. Possivelmente, todas podem causar vários sintomas como diarreia, vômito, anemia, problemas de pele, e afetarem o sistema imunológico. Contaminações podem ser pelo contato direto ou a mosca contaminada pousando em alimentos. Também é possível pela contaminação de córregos.
Sobre o transmissor carrapato, especialistas recomendam a inspeção após passeios, em especial, entre dedos das patas, axilas e debaixo da cauda. O contato do animalzinho com os seus “tutores” pelas patas e focinho pode levar a contaminação para casa se não houver a devida higienização. “Preservar a saúde pública é dever de todos(as)”.
O ego de uns não pode prejudicar terceiros. Desumanizar animais estreita a convivência, afinal, somos diferentes. Cada pessoa é livre para criar o animal de estimação para sua companhia, terapia ou idolatria. Verdade que estudos afirmam que presença de animais de estimação no convívio humano ajuda na redução do colesterol, pressão sanguínea e triglicérides, estresse, depressão, dentre outras. Umas criam o animal como se fosse membro da família, outras cuidam do animal em substituição aos humanos. Recentemente o Papa Francisco criticou o “egoísmo” de casais que optam por não ter filhos substituindo por pets.
Fala-se que o Brasil tem a segunda maior população de cães, aves ornamentais e gatos do mundo, bem como mais pets do que filhos por família no país. Que tal desfilarem com seus pets somente quando eles tiverem eliminado seus excrementos intestinais e urinários em casa? Poupariam constrangimentos e evitariam riscos de transmissão de doenças. Que tal se para cada real gasto com pets fosse doado outro para entidades assistências? Pelo menos uma ação compensatória! Assim o orgulho seria discreto e a saúde pública agradeceria.
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(*) Valtênio Paes de Oliveira é professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.
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