A Petrobras anunciou sua opção pelo modelo BOT para contratação das duas plataformas FPSOs que irão operar o Projeto Sergipe Águas Profundas (SEAP). A ação, que é uma das prioridades do plano estratégico da companhia, é um dos eixos na política econômica do Governo de Sergipe e vem sendo acompanhada de perto pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec).
O anúncio foi feito pela diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, durante o Rio Oil & Gas 2024 (ROG.e). O modelo BOT (construção, operação e transferência, na sigla em inglês) foi apontado como alternativa para superar os desafios na atração de empresas afretadoras para as FPSOs (unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de petróleo, na sigla em inglês).
Com previsão de início das operações para 2028, o projeto SEAP exigiu uma mudança de estratégia da Petrobras para viabilizar o cumprimento do cronograma. “Um dos desafios da Petrobras é contratar as unidades de produção. Provavelmente vamos trabalhar com BOT e estamos muito seguros de que agora teremos sucesso com esse processo. O SEAP está no nosso plano estratégico e temos muito claro que vamos viabilizar essa produção”, afirmou Sylvia Anjos.
Presente no ROG.e 2024, o secretário-executivo da Sedetec, Marcelo Menezes, destacou que a nova estratégia é uma solução robusta para garantir a execução do projeto Seap dentro do cronograma previsto: “A decisão da Petrobras de adotar o modelo BOT é uma garantia importante para a viabilidade do Projeto Sergipe Águas Profundas e demonstra o compromisso da estatal com a execução do projeto, que será um marco para o desenvolvimento do setor energético em Sergipe”.
A estatal adiou por três vezes a data de recebimento de propostas das licitações para contratação das FPSOs diante da ausência de ofertas para afretamento. A escassez de crédito na Europa e Ásia é uma das causadoras desse cenário, influenciando a viabilidade de execução para propostas, pois o financiamento para este modelo de contrato é muitas vezes oriundo de bancos europeus e asiáticos.
O modelo BOT desponta como uma solução financeira, pois as empresas passam a conseguir capital diretamente com a Petrobras, como explicou a diretora Sylvia Anjos. “O afretamento traz à tona essa questão do baixo financiamento da Europa e Ásia. O BOT reduz o investimento, que fica por nossa conta, e depois nós mantemos a produção. Já fizemos isso no passado e dá mais segurança para as empresas”, pontuou.
Na prática, o modelo BOT funcionará da seguinte forma: o operador de campo (Petrobras) pagará pela construção das unidades de produção à medida que forem sendo construídas. Assim a propriedade das unidades produtoras é transferida à estatal, cabendo ao vencedor da licitação apenas a sua operação por um curto período, que pode variar de três a cinco anos. Após esse período, a operação passa para a própria Petrobras.
O projeto Sergipe Águas Profundas (SEAP) representa a exploração de uma nova fronteira de petróleo e gás natural para o país em campos descobertos em águas ultraprofundas na costa sergipana. O projeto terá dois módulos, cada um com uma FPSO.
A primeira unidade (SEAP I) terá capacidade de produzir 120 mil barris de petróleo por dia e 10 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Já a segunda unidade (SEAP II) terá capacidade de 120 mil barris de petróleo por dia e 12 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Além disso, o projeto contará com um gasoduto de escoamento com 128 km de extensão, sendo 100 km no mar e 28 km em terra.
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