A Petrobras anunciou o início de uma nova etapa do Programa de Descomissionamento de Instalações em Sergipe, que prevê investimentos da ordem de US$ 1,7 bilhão entre 2025 e 2029, conforme estabelecido no Plano Estratégico e de Negócios da companhia. A ação faz parte de um conjunto de iniciativas voltadas à retirada segura e responsável de 26 plataformas na Bacia de Sergipe, a segunda com maior volume de recursos destinados ao descomissionamento no país, atrás apenas da Bacia de Campos.
Como parte dessa nova fase, a Petrobras recebeu a plataforma autoelevatória PA-38, que será utilizada no campo de águas rasas de Guaricema, a cerca de 9 km da costa do estado. A unidade foi contratada para realizar atividades de desativação e tamponamento de poços de petróleo e gás natural.
Com pernas que atingem quase 150 metros de altura — o equivalente a um prédio de 42 andares —, a PA-38 realizará intervenções diretas nos poços da região. A campanha inicial deve durar cerca de sete meses. Após essa etapa, a plataforma será deslocada para outros poços também contemplados no programa.
“A Petrobras avança em seus processos de descomissionamento na Bacia de Sergipe, uma etapa natural para ativos com mais de 25 anos de produção em uma indústria madura como a de óleo e gás no Brasil. Todo o trabalho está sendo conduzido com a melhor técnica e alinhado às regulamentações vigentes”, afirmou Carlos Castilho, gerente geral de Projetos de Descomissionamento da companhia.
As plataformas autoelevatórias, como a PA-38, são estruturas móveis utilizadas em águas rasas, com lâmina d’água entre 5 e 130 metros. Elas consistem em uma balsa equipada com pernas móveis, que se estendem até o fundo do mar para fixação no local. Em seguida, a plataforma é elevada acima do nível da água, garantindo uma base estável e segura para a operação da sonda, fora do alcance das ondas. Essas unidades podem ser transportadas por rebocadores ou se mover por propulsão própria, o que amplia sua flexibilidade operacional.
Histórico
A Petrobras iniciou suas operações offshore em Sergipe em 1969, com a plataforma P-1, a primeira plataforma móvel de perfuração construída no Brasil. Após tentativas malsucedidas de posicionamento em Alagoas, a P-1 foi deslocada para a costa sul de Aracaju, onde realizou a primeira perfuração bem-sucedida no campo de Guaricema, marcando o início da produção de petróleo na plataforma continental brasileira.
Nas décadas seguintes, a Petrobras expandiu suas operações em águas rasas no litoral sergipano, instalando 27 plataformas marítimas nos campos de Guaricema, Caioba, Camorim, Dourado e Robalo. No entanto, em 1º de abril de 2020, a empresa paralisou a produção nessas plataformas, desativou sua sede em Aracaju e fechou o terminal de processamento Tecarmo, encerrando as atividades em águas rasas no estado.
Atualmente, a Petrobras está desenvolvendo o projeto Sergipe Águas Profundas (SEAP), que prevê a instalação de até duas plataformas do tipo FPSO (Floating Production Storage and Offloading) para exploração em águas profundas. A primeira unidade, SEAP 2, tem previsão de entrada em operação em 2030, com capacidade para processar 120 mil barris de petróleo e 12 milhões de metros cúbicos de gás por dia. A segunda unidade, SEAP 1, poderá ser contratada posteriormente, dependendo do modelo de contratação adotado.