Com o objetivo de acolher e tratar a obesidade infantojuvenil, uma vez por mês o grupo “Cheinhos de Alegria” se reúne para receber orientações sobre a alimentação saudável e fazer avaliação do tratamento contra a obesidade de crianças e adolescentes atendidos no Centro de Especialidades Médicas da Criança e do Adolescente (Cemca). Nesta segunda-feira, 8, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), realizou mais um encontro do grupo, no Centro de Educação Permanente em Saúde (Ceps).
O grupo é desenvolvido desde 2003, auxiliando crianças e adolescentes que têm diagnóstico de sobrepeso e obesidade a reduzir o peso, como também prevenindo e controlando doenças secundárias. O “Cheinhos de Alegria” é composto por uma equipe multiprofissional, como técnicos, médico endocrinologista, nutricionista, enfermeira, psicóloga, assistente social e um profissional voluntário de educação física.
“Com esse trabalho, os participantes têm conseguido perder peso e superar a obesidade. O consumo de alimentos regionais e da estação, como banana, caju, jaca e outras frutas encontradas a preços acessíveis em feiras e mercados da capital, proporciona efeitos positivos. Ao contrário dos alimentos industrializados que contêm elevadas taxas de gordura, sal, açúcares e conservantes, aqueles alimentos naturais são fontes equilibradas de nutrientes, vitaminas e fibras que regulam o organismo da pessoa”, destaca a nutricionista da SMS, Ana Samitre.
Fluxo de atendimento
Na rede municipal, o atendimento inicial é realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), e quando o diagnóstico de obesidade é confirmado, os pais ou os responsáveis legais têm a opção de seus filhos serem encaminhados à Rede Especializada, no Cemca, para iniciar o tratamento.
“Nos casos em que o diagnóstico aponte essa necessidade, o paciente é encaminhado via agendamento eletrônico pelo sistema de regulação. É um tratamento contínuo até os 18 anos de idade, porque a obesidade ocasiona outras doenças, como colesterol aumentado, hipertensão e gordura no fígado”, pontua o endocrinologista Carlos Alberto Menezes.
Em casos de obesidade, até o comportamento psicológico pode ser alterado, e crianças e adolescentes podem sofrer com bullying, baixa autoestima e até depressão. Por isso é importante o acompanhamento multidisciplinar.
A psicóloga Karen Mirela Sales relata que muitos pacientes reclamam sobre o sofrimento com o bullying e a violência psicológica. “Todo ano, abordamos estes temas porque afeta a autoestima destas crianças e adolescentes, ocasionando vários distúrbios psicológicos. Inclusive, já foi constatado que pessoas que sofrem violência psicológica podem se tornar também violentas, por isso os familiares devem ter cuidado com o que falam para nunca denegrir a imagem dos filhos ou responsáveis”, reforça.
População assistida
Luane Alves, mãe de Francisco Alves, de 10 anos, há dois anos leva o filho para o Cemca para fazer o tratamento da obesidade. “Na verdade, meu filho estava acima do peso, mas a minha preocupação era porque ele foi diagnosticado como pré-diabético. Depois que eu o trouxe para cá, ele vem melhorando cada vez mais e já perdeu muitos quilos”, conta.
Gilberto Silva levou o filho Alberto, de 11 anos, pela primeira vez à reunião. Após a avaliação com a equipe de nutricionistas, recebeu o alerta e orientações para adoção de hábitos alimentares mais saudáveis para seus filhos. “Gostei muito e achei excelentes as dicas passadas pelos profissionais. Agora, vou buscar rever hábitos alimentares meus e do meu filho. Eu imagino que o tratamento no início será difícil, porque muda a alimentação da família toda, mas depois vamos nos acostumar e espero pelas mudanças”, relata