O diretor-presidente da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), Gilvan Dias dos Santos, quer que o governo federal seja transparente nas informações sobre os reais impactos causados à flora e à fauna afetadas pelo vazamento de óleo que atingiu o litoral nordestino. Gilvan, também, pediu clareza ao governo no que diz respeito as ações para mitigar os prejuízos e manter a população ciente dos eventuais riscos à saúde. Gilvan participou de audiência pública na Câmara dos Deputados a convite da comissão parlamentar criada para apurar as causas e localizar os responsáveis pelo desastre ambiental. Até hoje ninguém foi responsabilizado.
“Estamos padecendo com as informações desencontradas que são dadas pela União. Talvez pudessem ser mais transparentes”, disse. Segundo o diretor, todo o litoral sergipano foi afetado, o que levou o governo estadual a decretar situação de emergência no no início de outubro.
“Houve uma redução, mas parte da substância oleosa continua chegando ao nosso litoral e não sabemos se estamos assistindo a uma diminuição ou se haverá um crescimento disso […] Não sabemos a origem deste lamentável ocorrido, e não estamos certos de que o fato gerador tenha cessado.”
O diretor da Adema afirmou que, embora o Ministério do Meio Ambiente tenha informado que acionou o Plano Nacional de Contingência do governo federal, no início de outubro, tão logo a situação foi detectada, nem todos os procedimentos estabelecidos pelo documento, criado em 2013 para lidar com situações de emergência, vêm sendo cumpridos.
“A União insiste em dizer que deu início ao plano nacional. Mas, falando como representante do governo de Sergipe, posso dizer que estamos convictos de que não temos participado da aplicabilidade do plano.” Santos ainda reclamou que, em várias ocasiões, o governo sergipano soube somente pela imprensa as medidas que seriam adotadas no estado.
“Talvez seja esta seja uma das grandes dificuldades ao tratar da situação: fazer com que os caminhos dos atores, reunidos para mitigar a situação, sejam encarados com muita irmandade. A dificuldade é ter uma interface mais transparente e próxima com o governo federal”, disse, destacando a necessidade de mais recursos para a pesquisa.
“Em uma situação de descontrole e degradação ambiental como a que estamos vivendo, tudo deve ser pesquisado por quem tem expertise, que são as universidades. Não sabemos quanto tempo esta substância esteve ou está na água. Por isso, precisamos que aqueles que têm experiência e conhecimento científico possam se somar a isto, a fim de darmos uma resposta à população. Ou seja, o que estamos pedindo são mais informações e transparência em todos os procedimentos.”
Procurados, o Ministério do Meio Ambiente, a Casa Civil e a Marinha não comentaram as afirmações do diretor-presidente da Adema.