Quando assumiu, em fevereiro, a presidência da Associação Sergipana de Supermercados (ASES), o empresário Anderson Cunha, como todos os brasileiros, sequer imaginava o que o futuro reservava. O novo coronavírus, a Covid-19, chegou e todos foram obrigados a ficar de quarentena para que o vírus não se espalhasse no país de forma extremamente trágica. O que seria posto em prática no início da gestão vai ter que esperar até essa onda passar. Cunha quer, num futuro próximo, fazer as reuniões da ASES no interior do Estado, para que haja uma interação maior com os empresários da capital e vice-versa. E também para reforçar que é imprescindível que estes empresários comprem gêneros alimentícios de produtores sergipanos para que o dinheiro fique circulando no Estado e reforce a economia local. “Com isso, os empresários se livram dos atravessadores”, afirma. Com todas as atenções voltadas para o setor e para interagir com os 200 associados da instituição, Anderson Cunha também está preocupado com a situação das pessoas carentes, tanto que a ASES participa de atividade filantrópica em parceria com o Ministério Público Estadual, neste momento. Ele também vai conversar com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) pois pensa em fazer uma campanha a fim de estimular os consumidores a comprarem nos supermercados sergipanos, tendo como chamariz, talvez, o sorteio de um carro. Na sexta-feira, Anderson Cunha conversou com o SÓ SERGIPE, por telefone.
SÓ SERGIPE- O senhor assumiu a presidência da Associação Sergipana de Supermercados e já começou a gestão enfrentando a pandemia da Covid-19. Como o setor, que é um serviço essencial, vem trabalhando?
ANDERSON CUNHA – Mudou tudo, a começar pelo comportamento das pessoas da loja. Muitos oferecem álcool em gel para os consumidores, outros adaptaram as pias para higiene das mãos. Deixaram uma pessoa na frente da loja para organizar a fila, com o distanciamento na fila, tem marcação no chão. E em relação às mercadorias, se vende mais a cesta básica e aquelas coisas supérfluas não estão sendo vendidas. O pessoal está com medo, porque não sabe o que vem pela frente. Num primeiro momento, todos correram para comprar a cesta básica com medo que faltasse, mas agora já normalizou. A orientação do supermercado é que as famílias elejam uma pessoa para fazer as compras e as demais ficam em casa. E na volta ter cuidado quando entrar em casa.
SS – Já dá para vislumbrar como será a recuperação do setor supermercadista?
AC – No momento ainda está vendendo. O medo depois é quando cair a ficha de estar faltando dinheiro. O estrago já está feito, porque muitas empresas que fecharem não conseguirão voltar por falta de condição financeira. Muitos vêm pagando seus boletos em dia e se atrasar 15 ou 20 dias, como é que vai acompanhar?
SS – Como o senhor analisa a decisão do Governo do Estado em abrir uma linha de crédito de R$ 500 milhões para os pequenos e microempresários?
AC – A iniciativa é muito boa. Eu estava na primeira reunião na Fecomércio, mas não fui na segunda. E eu espero que o Governo do Estado se una com o Governo Federal e melhore mais ainda para todos os setores.
SS – Como é que os donos de supermercados estão olhando os empregados? Afinal esse é momento de empregador e empregado colaborarem um com o outro.
AC – Na verdade, a carga tributária da folha de pagamento é muito alta. E todos trabalham no limite. Agora, alguns funcionários foram liberados, a exemplo daqueles que moram longe para evitar pegar ônibus; aqueles mais velhos também foram liberados e a retomada vai depender muito do movimento. Alguns estão se preparando para reduzir o quadro.
SS – Quantos supermercados existem hoje no Estado ligados a ASES?
AC – São 200.
SS – Neste momento de crise, a Ases tem alguma campanha estimulando os consumidores a comparem em pequenos supermercados, contribuindo para manutenção do negócio e dos empregos?
AC – Tem uma campanha junto com o Sebrae para comprar no pequeno, para a economia girar e fortalecer o comércio sergipano. O Sebrae nos apoia nessa campanha e temos, com o Ministério Público Estadual, a doação de alimentos e muita gente está ajudando. O Ministério Público é quem vai indicar quais serão as entidades beneficiadas e vai recolher as doações, guardar no Oratório de Bebé e depois fazer a distribuição.
SS – Os seus planos como presidente da Ases tiveram que ser modificados em virtude da Covid-19?
AC – Tivemos que parar tudo num momento como esse. Estávamos planejando formar uma equipe para visitar os pequenos supermercadistas para ajudá-los a se fortalecerem para o dinheiro circular no Estado. Outro plano que faremos é o certificado digital que toda empresa tem que fazer. Estamos planejando colocar na Ases, um funcionário ou dois, a depender da demanda, para que se possa fazer isso a preço de custo para quem não tem esse certificado. Vamos procurar a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) para uma campanha de estimulação de compra, para que os consumidores possam concorrer a um carro, por exemplo.
SS – O senhor também pretende ir ao interior do Estado?
AC –Sim, pretendemos fazer as reuniões itinerantes. Quando há reunião, as pessoas vêm de vários pontos do Estado. Nós iremos fazer as reuniões nas cidades. Por exemplo, uma vez faz em Tobias Barreto, na outra, em Itaporanga D’Ajuda, Lagarto, Nossa Senhora da Glória, etc. Vamos conhecer os comerciantes do interior e eles vão conhecer os da capital, vamos todos interagir, aumentar o círculo de amizade. Queremos unir mais a classe dos pequenos comerciantes.
SS – Os empresários pequenos podem se unir para fazer compras e conseguir preços mais em conta.
AC – Sim, já foi feito isso anteriormente. Mas também conhecer o produtor local para adquirirmos dele. É importante comprar direto do produtor, evita o atravessador. Criar um vínculo melhor.
SS – Tem muita coisa boa em Aracaju. Por exemplo, aqui existe uma vinícola, no bairro Veneza, e nem todo mundo conhece.
AC – Eu não sabia que existia essa vinícola. Mas nosso objetivo é fortalecer o comércio local, se livrar do atravessador. Temos que dar prioridade ao produtor sergipano, seja da capital ou do interior.