Saudações!
No mês passado inauguramos nossa coluna apresentando, de forma bastante sintética, o conceito de Startups e também da jornada do empreendedor através do livro A Startup Enxuta do Eric Ries (se você perdeu, clica aqui!). Como prometido, hoje vamos explorar um dos requisitos das Startups que é a inovação. No livro Direito das Startups, Clayton Christensen e Joseph Bower (1995) são citados como teóricos que cunham a expressão “inovação disruptiva” como um dos elementos que compõem o risco das Startups.
A inovação está altamente atrelada ao risco. Pensamos, por exemplo, nas várias tecnologias de armazenamento que surgiram entre a fita cassete e a nuvem, atualmente. Tivemos várias formas de armazenamento, tecnologias que foram surgindo e, paulatinamente, desaparecendo. Ao ponto de termos alguns nichos, como os Discos de Vinil (LPs) convivendo numa época onde todo o conteúdo em áudio está à distância de um clique em serviços de streaming como o Spotify e similares.
Segundo a consultoria ABGI, a inovação é a “exploração de novas ideias com sucesso”. Por que este conceito é, ao mesmo tempo, suscinto e abrangente? Porque não basta ter novas ideias – inclusive, falamos sobre isso no primeiro texto –, mas sim a execução dessa ideia no mundo prático de modo a obter sucesso.
No exemplo que demos acima, vários conceitos como o CD, o pendrive, e outras tecnologias análogas entraram e saíram de cena. Da mesma forma, em vários setores, temos negócios que surgem e morrem. Quer outro exemplo? Que tal as lojas de aluguel de fitas, as famosas “Locadoras” dos anos 80/90, e a disrupção nos anos 2010 com a tsunami do Netflix e as demais plataformas de streaming? Até mesmo tecnologias de comunicação, como o GPS dinamitaram a indústria de confecção de mapas com a chegada dos aplicativos de georeferenciamento.
Em termos gerais, os teóricos reconhecem dois grandes tipos de inovações: as incrementais e as disruptivas. As incrementais ou de melhoria, como o próprio nome já diz, se referem às inovações que acrescentam, modificam ou melhoram um produto ou processo ou modelo de negócio. Referem-se a produtos ou serviços já existentes. Por exemplo, o uso de planilhas para otimizar processos internos de uma empresa em substituição a controles em papéis pode ser encarado como uma melhoria incremental.
Já as inovações disruptivas, como também o nome sugere, provoca a sensação de hecatombe, ou seja, dinamita totalmente um produto/modelo de negócio. Um dos exemplos mais clássicos é o da Kodak. Durante décadas, a Kodak lucrou bastante com a venda de rolos de filme para alimentar as fotografias de pessoas ao redor do globo. Gerando, inclusive, mercados alternativos, como os estúdios de revelação que entregavam as fotografias em diferentes formatos, álbuns, etc. O que algumas pessoas não sabem, entretanto, é que alguns dos primeiros protótipos da máquina digital foram desenvolvidos nos laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Kodak.
Entretanto, devido a uma escolha em não mexer no modelo de negócio que estava dando, na época, muito certo e dando retorno aos seus acionistas a Kodak represou o mercado de máquinas digitais. Porém, novos protótipos surgiram – até porque, lembremos sempre que as ideias não são exclusivas – e a tecnologia da câmera digital simplesmente soterrou as máquinas analógicas de filme e esses itens se tornaram praticamente obsoletos ou nichos para colecionadores – assim como os discos de vinil.
O exemplo da Kodak sempre é citado para demonstrar o quanto a inovação deve fazer parte do DNA de uma empresa e, apesar dos riscos, os grandes conglomerados (Google, Amazon, Facebook) conseguem sobreviver às mudanças dinamitando e recriando seus negócios em ciclos cada vez mais curtos, é o que se chama no dicionário startupeiro de pivotar. É justamente deste ponto que vamos seguir no próximo artigo. Vamos apresentar o conceito de pivotar e a importância nos negócios inovadores.
Até lá! 🙋♂️
INDICAÇÃO DE LIVRO
Toda coluna vamos ter um livro como indicação. A ideia é estimular a leitura de conteúdos transformadores e que alicerçam o conhecimento empreendedor. O livro sugerido é O Dilema da Inovação: Quanto as novas tecnologias levam as empresas ao fracasso da Harvard Business Review Press e de autoria do Clayton M. Christensen.
Utilizando como exemplo grandes empresas no mundo, o Autor demonstra como elas perderam mercado diante de mudanças tecnológicas de ruptura e incrementais. Através do livro, o empreendedor vai compreender como é possível utilizar algumas estratégias para não cair nos mesmos equívocos dessas empresas.
ENTREVISTA: “Virar a Netflix do mercado de trabalho”, Márcio Melo, CEO da Jobiflix.
Recentemente, aqui mesmo no Só Sergipe, o CEO da Jobiflix, Márcio Melo, resumiu o propósito do seu negócio (se você perdeu essa matéria, clica aqui!). Como o tema dessa coluna é Inovação, mandei algumas questões para o Márcio trazer a sua visão sobre o tema. O CEO tem 31 anos, já passou por mais de dez empresas como empregado celetista, o que o fez ter duas carteiras de trabalho e muitas histórias para contar. A última experiência do Márcio Melo foi como coordenador do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), uma associação de direito privado sem fins lucrativos que tem como objetivo conectar empresas a estagiário.
Com essa bagagem, durante três anos na coordenação do CIEE em Aracaju/SE, ele encontrou seu propósito. Então, assumindo todos os riscos, pediu demissão e começou a empreender na Jobiflix. Só lendo esse resumo, dá para sentir que de risco e inovação esse CEO entende. E a entrevista completa, você pode conferir abaixo:
E&I – Qual o seu propósito hoje?
Márcio Melo (MM) – Transformar o mundo do trabalho num ambiente mais humanizado com empresas e colaboradores tendo propósitos conectados.
E&I – Para você, o que é inovação?
MM – Pegar algo que já é feito e fazer diferente e melhor.
E&I – Qual a maior dificuldade enfrentada pela Jobiflix nos últimos anos?
MM – Ter que educar nossos dois públicos empresas e candidatos, já que o mercado de trabalho precisa ser um ambiente humanizado e conectado com o futuro.
E&I – Quais as principais competências dos profissionais do futuro?
MM – Ao meu ver, antes de qualquer competência deve haver um propósito claro e definido, assim cada um pode identificar suas habilidades naturais e as que precisam adquirir para ter um bom desempenho profissional e pessoal. Mas pelo que tenho visto e estudado existem cinco que são essenciais para qualquer profissional de qualquer área e são as habilidades que desenvolvemos dentro da nossa metodologia:
Inteligência Emocional
Comunicação e Oratória
Criatividade
Empreendedorismo
Negociação e Vendas
E&I – Qual a maior demanda de habilidades (soft skills) que você vê sendo requisitada pelas empresas?
MM – Não é a mais requisitada por ser um gap absurdo que muitas empresas nem imaginam os problemas que possuem e são ligadas a essa habilidade, mas arrisco sem medo de errar, é a Inteligência Emocional.
E&I – Qual a maior necessidade do ecossistema sergipano de empreendedorismo inovador?
MM – Pessoas que tenham menos ego e estejam executando bons projetos.
E&I – Como você imagina o seu negócio e o mercado em que atua daqui a cinco anos?
MM – Minha empresa estará conectando talentos e oportunidades em todo o Nordeste, com uns 50 funcionários diretos sendo um dos maiores cases de sucesso do nosso estado, pois estaremos administrando o maior banco de talentos da região. Enxergo um mercado onde as empresas de fato estarão contratando pessoas alinhadas com seu propósito e não por currículo e habilidades técnicas e espero que Sergipe tenha um ecossistema forte com diversas Startups e negócios de impacto.
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(*) Thiago Noronha Vieira | E-mail: thiagonoronha@acnlaw.com.br
Advogado. Sócio do Álvares Carvalho & Noronha – Advocacia Especializada (ACNLaw). Pós-Graduado em Direito Empresarial pela PUC/MG. Presidente da Comissão de Direito Privado e Empreendedorismo Jurídico da OAB/SE. Diretor Jurídico do Conselho de Jovens Empreendedores de Sergipe (CJE/SE).
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