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Convertendo-se os valores pela taxa de câmbio de final de período, esse montante equivalia a catorze vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do estado de Sergipe, que foi estimado à época em US$ 12,3 bilhões, conforme estipulado por esta coluna a partir de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Isso permite declarar que, no Brasil, quase meia centena de pessoas detinham, em 2017, um estoque de riquezas semelhante a quase quinze anos de trabalho de todos os residentes do estado de Sergipe.
Olhando-se em retrospecto, vê-se que, em 2002, a partir de quando estão divulgados os dados que sustentam este artigo, os então sete bilionários brasileiros listados pela Revista Forbes possuíam uma fortuna conjunta de US$ 14,8 bilhões, o que representava, naquele momento, cinco vezes o produto sergipano. Tais quantitativos mostram que, em todos esses anos, a riqueza conjunta dos bilionários brasileiros cresceu mais do que a de todo o povo do pequeno estado nordestino.
Para ser mais preciso, o produto sergipano – em dólar norte-americano – variou 321%, entre 2002 e 2017. Enquanto isso, o patrimônio dos super-ricos nacionais sofreu um incremento de 1.063%. Ressalte-se que, nesse mesmo período, a inflação estadunidense foi de algo próximo a 39,2%.
Contudo, esse não foi um processo linear. Em 2007, pela primeira vez em cinco anos, a riqueza relativa dos bilionários brasileiros sofreu uma queda. Naquele ano, toda a fortuna do seleto grupo dos 20 ricaços tupiniquins arrolados pela Forbes, correspondia a 4,5 anos de todo o esforço produtivo do povo sergipano.
A causa dessa queda foi o fato de que o PIB sergipano, em dólar, cresceu a uma taxa levemente maior do que o volume de riqueza dos bilionários nacionais. Esse último aumentou 212% nesses cinco anos, ao passo em que a economia sergipana variou 252% positivamente.
Porém, em 2012, o patrimônio dos bilionários brasileiros, que chegara a US$ 153 bilhões, segundo a Revista Forbes, já se assemelhava a 9,5 anos da riqueza gerada pelos sergipanos no decorrer de doze meses. Nesse momento, o quinzenário ianque já contava uma presença de 37 brasileiros em sua relação.
Do ponto de vista do volume de riqueza, o auge se deu em 2014, quando apenas 65 brasileiros possuíam um patrimônio líquido conjunto de US$ 191,6 bilhões, o que se igualava a 13,6 vezes o PIB de Sergipe.
Sob a perspectiva da relação entre esse estoque patrimonial e o tamanho da economia sergipana, o ápice ocorreu em 2015, quando os 65 bilionários brasileiros elencados pela Forbes dispunham de uma fortuna estimada em 181,1 e que cobria 18,3 anos de trabalho da população sergipana.
A causa disso foi o fato de que o produto de Sergipe, denominado em dólar ianque pelo câmbio nominal de fim de ano, decaiu 30% em relação ao ano anterior, contra uma retração de 5,5% no total da riqueza dos bilionários brasileiros.
De todo modo, mesmo com quedas nessa relação, desde 2013, a quantidade de anos de produto sergipano coberto pela fortuna dos bilionários brasileiros nunca mais voltou a ser inferior a onze anos.
Em suma, pode se dizer que, entre 2002 e 2017, o estoque financeiro de algumas dezenas de super-ricos nacionais vem deixando de representar anos do produto de um estado como Sergipe – o que por si só já seria algo surpreendente – para ser dimensionado em décadas.
Em 2018, com um total de 42 pessoas, o patrimônio dos super-ricos nacionais foi a US$ 176,4 bilhões e, em 2019, após um salto que fez o grupo chegar a 58 indivíduos, esse estoque foi para US$ 179,1 bilhões, dados superiores àqueles vistos na Itália, na Austrália ou no Japão.
O contexto desenhado por esses números é reduzível a uma única constatação: os bilionários brasileiros estão ficando, ano após ano, relativamente mais ricos do que o conjunto da população em geral, aqui representada pela comunidade sergipana.
E isso, ao contrário do que se diz, é um problema porque quanto mais fortuna uma classe social concentra, maior o volume de recursos do qual ela dispõe para poder influenciar a condução política de uma dada sociedade. O que justificaria a percepção de que os bilionários brasileiros têm mais poder que o povo sergipano.
Isso coloca a sociedade perante o desafio de equalizar essa situação, uma vez que não faz muito sentido que uma infinitesimal parcela da população tenha mais poder que um povo e que, pior, esse povo aceite tudo isso facilmente.
Emerson Sousa é economista
Fábio Salviano é sociólogo
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