Embora as autoridades médicas e sanitárias insistam em dizer que para conter o avanço do novo coronavírus (Covid-19) é importante que todos fiquem em casa, muitas pessoas em Aracaju não têm como atendê-las porque “moram” na rua. Uma delas é Washington Bispo dos Santos, 52 anos, que há um ano e dois meses vive embaixo de uma marquise de uma casa comercial, na rua Manoel Cândido Pereira, no bairro Luzia, zona sul de Aracaju. Ele vem sendo ajudado por pessoas que residem na região, mas alerta que há muitos sem teto como ele que precisam de ajuda. Por isso, conclama que “as pessoas sejam mais humanitárias”.
Washington passa o dia e a noite sob a marquise e ocupa o tempo lendo livros – entre eles a Bíblia – que recebeu de presente de um dos moradores do bairro. Além de fazer essas leituras, ele diz que está atento às notícias sobre coronavírus, sabe como se dá o contágio e da necessidade de manter as mãos limpas, principalmente porque não tem onde morar.
Na sexta-feira, ele passou álcool em gel nas mãos, pois ganhou de uma pessoa. Um comerciante o ajuda, permitindo que ele fique sob a marquise, no passeio de sua loja, e também use o banheiro. Ele estava barbeado, com roupas limpas, quando conversou com o Só Sergipe, na tarde da sexta-feira. Tinha acabado de ler Provérbios e Salmos, dois dos 66 livros que mais gosta na Bíblia.
Washington começou a consumir álcool quando completou 18 anos e algum tempo depois tornou-se um alcoólatra. Deixou o emprego, a casa da família, e foi morar na rua. Ajudado por algumas pessoas, ele entrou numa instituição filantrópica para se livrar do vício e até conseguiu ficar uns “três a quatro anos longe do álcool”, mas teve uma recaída.
“E aí, em um dia eu bebi o que consumiria numa semana”, disse. O tempo que “mora” no bairro Luzia – um ano e dois meses – é o mesmo tempo que não coloca uma gota de álcool na boca. “Acho que meu organismo não aguenta mais”, acredita. Por uma estranha ironia, ele “mora” ao lado de um bar. “É uma provação”, reconhece.
Apesar de ter familiares em Aracaju – a mãe Luzinalva dos Santos e outros cinco irmãos – por enquanto, ele continua na rua. Isso porque Luzinalva ainda não o quer em casa e os outros irmãos não falam como ele há muito tempo. “Um dia eu estive com minha mãe. Ela não quis deixar eu morar com ela, mas percebi uma lágrima no seu olho quando ela dizia não”
O alcoolismo de Washington tem histórico familiar. O pai, Vivaldo Bispo dos Santos, era alcoólatra e “agredia minha mãe sempre que estava embriagado”, conta. Vivaldo morreu há 10 anos.
Diariamente, Washington recebe ajuda de alguns moradores do bairro Luzia. “Um casal vem sempre trazer alimentação, dinheiro, alguma coisa”. Ele diz que “sente” que um dia vai sair da situação de rua. “Não sei como, não sei quando, mas algo dentro de mim diz que eu vou sair dessa”, acredita.
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Afinal de contas, o amor é contagioso.
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