Por Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)
No período pandêmico, quando o coronavírus passeava pelo mundo fazendo estrago, amedrontando e matando sem piedade, era recorrente ouvir das pessoas que o mundo não seria o mesmo que antes. Ouvi os mais diferentes relatos que sairíamos dessa hecatombe melhores que antes.
Li um texto na época da pandemia, que dizia: “A eclosão da pandemia provocada pelo ‘novo’ coronavírus (na verdade, uma nova e mais agressiva mutação do Corona) coloca em evidência o protagonismo de ao menos dois possíveis cenários extremos para a sobrevivência da vida no planeta. De um lado, o retorno a uma distopia de sociedades confinadas no isolamento, sem vínculos de sociabilidade e com o predomínio de trabalhos terceirizados, subalternos e precarizados em matéria de redes de proteção social como as que caracterizaram a evolução da humanidade no último século. No extremo oposto, poderemos ser testemunhas do renascimento de uma sociedade verdadeiramente ambiental, social e eticamente sustentável, como a que preconiza a agenda internacional desde a publicação do Nosso futuro comum”. Arrisco a dizer que pouca coisa mudou. Aprendemos muito pouco com o período pandêmico.
Para quem achava que o aparecimento do coronavírus na província de Wuhan, China, fosse um freio de arrumação, para colocar as coisas no devido lugar, se enganou redondamente.
Quem poderia imaginar que haveria espaço para uma guerra fratricida, como estamos assistido pela TV, entre a Rússia e Ucrânia? Acredito que ninguém em sã consciência poderia imaginar que o mundo veria o surgimento de “novo Hitler”, nas palavras da escritora belarussa Svetlana Aleksiévitch, vencedora do Nobel de Literatura em 2015. Li na semana passada uma entrevista de Svetlana Aleksiévitch, exilada na Alemanha, impressionada como Wladimir Putin desafia o mundo, sem ter ninguém para detê-lo. Se juntaram EUA, União Europeia, o Papa, as sanções comerciais, e ninguém deteve Putin. Ao contrário, a economia da Rússia cresceu.
Desde o início da invasão russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, os números oficiais de soldados mortos estão sendo mantidos em segredo tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, que alegam que a divulgação desses dados pode prejudicar seu desempenho na guerra. Mas estimativas sugerem que as baixas podem chegar a 700 mil mortos. Além do conflito entre Israel e o Hamas, que já ceifou quase 30 mil vidas.
O mundo vem se tornando um lugar mais violento do que no começo deste século e deve chegar ao fim de 2024 com pelo menos oito grandes guerras, além de dezenas de conflitos armados em busca de territórios ou governos, alertam pesquisadores.
Junto à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, que desde 7 de outubro acumula milhares de mortos, e à invasão russa contra a Ucrânia, conflitos armados em grande escala estão acontecendo neste momento em Burkina Faso, Somália, Sudão, Iêmen, Mianmar, Nigéria e Síria.
Se o mundo já estava dividido ideologicamente, durante a pandemia piorou. Uma nova classe de pessoas surgiu no mundo todo: os negacionistas, e até os terraplanistas; ignóbeis, contestadores da ciência. Tornando tudo mais complicado.
Vivemos e vivenciamos tempos surreais, em que loucos conduzem cegos. E, com as redes sociais, estão todos a bradar, a plenos pulmões, suas sandices.
Não é à toa que pós pandemia potencializou o números de pessoas com depressão e ansiedade, e aumentou o número de suicídios, principalmente entre jovens.
Infelizmente, aprendemos pouco no período pandêmico, e a humanidade segue mais perdida do que nunca. Corremos tanto, temos tanta tecnologia ao nosso dispor, e estamos em uma enrascada, sem saber que caminho seguir.
A Semana Santa que segundo a tradição religiosa cristã celebra a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo, rogo ao bom e maravilhoso Deus, em sua bondade infinita, que tenha misericórdia de nós.
Feliz Páscoa a todos.