Lá Vem História

Quem não gostaria de ser Alain Delon?

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Por Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)

 

Há alguns dias, ocupei o nobre espaço deste Portal de notícias para falar do “Legado de Silvio Santos”, que morreu no sábado, 17 de agosto. Falei de seu riso fácil, que por 60 anos hipnotizou plateias televisivas, com seu carisma, simpatia e diversão. Silvio morreu aos 93 anos, no hospital israelita Albert Einstein em SP.

Em 18/08, domingo, um dia após a morte de Silvio Santos ficamos sabendo da morte do astro francês Alain Delon. Considerado por muitos o “homem mais bonito do mundo”, Delon morreu aos 88 anos, em sua casa em Douchy-Montcorbon, na França, de causa não revelada.

Uma enorme diferença entre os dois mortos. Enquanto Silvio tinha a alegria de viver e lutou pela vida, foi até o final, Delon há anos queria morrer, havia perdido a alegria de viver. Desde que sofreu um AVC em 2019, poucas semanas depois de receber a Palma de Ouro honorária no Festival de Cannes, Alain Delon enfrentava problemas de saúde, e desejava seu fim.

Em março do ano passado, o ator, que definiu sua vida como “bela”, reivindicou o direito a uma morte assistida — ou seja, induzida. Queria evitar o sofrimento dos hospitais, da dor, dos remédios que apenas encompridam a vida. Seu filho Anthony, do casamento com a atriz Nathalie Delon (1964 e 1969) seria o responsável por assisti-lo.

Na vida de Alain Delon o que não faltaram foram acasos.

Nascido em Sceaux, Bretanha, em 1935, cujos pais se separaram quando tinha quatro anos; na infância e adolescência foi expulso de seis colégios. Nem em sua passagem pela Marinha francesa, onde fez o serviço militar na antiga Indochina, e de onde foi expulso depois de roubar um jipe, ao dirigi-lo em alta velocidade e acabar com o carro tombado num córrego, corrigiram sua trajetória de indisciplinado.

Mesmo ainda não sendo famoso, já era conhecido pela insubmissão. Em 1953 foi viver em Roma por um tempo, quando despertou a atenção de David O. Selznick, o produtor de “E o Vento Levou”, que convidou-o para Hollywood, com um contrato de sete anos. Sua beleza física e os olhos azuis chamaram a atenção dos magos do cinema. A condição para ir para a Terra do cinema era aprender a falar inglês. De volta a Paris, ele iniciou o aprendizado da língua, ao mesmo tempo em que viveu de pequenos trabalhos, como o de garçom de bar, o que acaba aproximando-o do mundo do crime — em particular da chamada gangue dos Trois Canards.

O belo Delon foi lançado no cinema graças à atriz Michèle Cordue, casada com o cineasta Yves Allegret, que convenceu o marido a dar um papel ao jovem, de quem ela era amante. Assim, em 1957 ele estreia em “Uma Tal Condessa”. O romance com  Cordue durou pouco. Em 1958, conheceu Romy Schneider, e manteve um romance até 1964 — a quem reencontrou em 1969 para filmar “A Piscina”.

O estrelato chegou algum tempo depois, com “O Sol por Testemunha” (1960), famosa adaptação de “O Talentoso Ripley”, de Patricia Highsmith, dirigida por René Clement. No mesmo ano fez o papel central de “Rocco e Seus Irmãos”, de Luchino Visconti, e ganhou o prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza.

Não havia mais dúvida sobre seu carisma. Sobre a beleza nunca houvera. Ator? O próprio Delon disse certa vez que era um ator, não um intérprete — que era como via Jean-Paul Belmondo, que morreu aos 88 anos em setembro/21, outro astro francês.

Em 1962, Delon fez  “O Eclipse” (1962), com Antonioni, e com Visconti, “O Leopardo” (1963). Depois de um intervalo em Hollywood, filmando com atores célebres em filmes menores, voltou à França, e filmou com René Clement, em 1966, “Paris Está em Chamas?”.

Ao todos Alain Delon protagonizou mais de 90 filmes, veio cinco vezes ao Brasil onde fez a alegria da mulherada. Casou duas vezes, com Natalie Delon e Rosalie Van Bremen; teve casos rumorosos com Romy Schneider e Mireille D’Arc, e quatro filhos.

Após viver sob holofotes, foi na privacidade da família e ente queridos que Alain Delon  foi sepultado na capela privada em sua propriedade em Douchy, no último 24/08.

Na canção “Balada do louco”, Rita Lee, ainda na banda Mutantes, escreveu: “Se eles são bonitos, sou Alain Delon, se eles rezam muito, eu já estou no céu”. Por longo tempo exemplo máximo da beleza masculina pergunto: quem não gostaria de ser Alain Delon? Por onde passou, despertou desejo nas mulheres e inveja nos homens.

 

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Luiz Thadeu Nunes

Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o homem mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.  Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências; ATHEAR, Academia Atheniense de Letras; e da AVL, Academia Vianense de Letras, membro da ABRASCI. E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br

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