Por Sílvio Farias (*)
Em uma das elevações da região demarcada por Pombal, às margens do rio Douro, encontra-se a vinícola Quinta do Crasto. Cercada por vinhas e oliveiras, a propriedade é formada por adegas, uma capela e uma casa de hóspedes.
Dos 130 hectares, 70 são destinados às vinhas. A forma de plantar em socalcos se deve à necessidade de retirar o xisto (mineral abundante na região) da terra e empilhá-lo formando degraus ao longo da elevação, impedindo, dessa forma, a erosão.
Com isso, a casa no topo da elevação fica rodeada por linhas de plantações de vinhas e de antigas oliveiras que vão circunscrevendo o monte até a sua base nas margens do rio Douro.
Por apresentar essa formação, se deu o nome de Crasto à vinícola, oriundo do Latim.
O termo significa “forte romano”, antiga construção feita para rodear e proteger.
Os primeiros registos conhecidos referindo a Quinta do Crasto e a sua produção de vinhos datam de 1615, tendo a mesma sido posteriormente incluída na primeira Feitoria, juntamente com as Quintas mais importantes do Douro.
Entre 1758 e 1761, o Marquês de Pombal mandou instalar no Douro 335 marcos – pedras graníticas com dois metros de altura, 30 centímetros de largura e 20 centímetros de espessura – para delimitar aquela que seria a primeira região vinícola demarcada do mundo.
Um marco pombalino, datado de 1758, pode ser visto na Quinta do Crasto junto à casa centenária.
Este, tal como os outros marcos pombalinos inventariados, foram classificados na década de 40 do século passado como imóveis de interesse público nacional.
Douro, no nordeste de Portugal, é uma das mais belas regiões vinícolas do mundo. Estende-se por uma área de cerca de 250 mil hectares, ao longo das margens do rio que lhe dá nome e de seus afluentes.
Embora a presença da vinha na região remonte a 4 mil a.C., a produção de vinhos só tomou impulso a partir do século XVIII, quando o vinho do Porto foi criado e a região se tornou a primeira do mundo a ser demarcada e delimitada.
Muitos anos mais tarde, em 1982, uma nova iniciativa criaria a DOC Douro, que regula também a produção de vinhos tranquilos (tintos e brancos) nesta que é uma das regiões produtoras mais deslumbrantes do mundo.
De lá para cá, os vinhos tranquilos em geral, e sobretudo os tintos, conquistaram prestígio internacional com sua qualidade.
Crasto Douro D.C.O 2019
Composto de Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca e Tinta Barroca, com estágio de 6 meses, 85% em inox e os 15% restantes em barricas de carvalho francês.
Sempre consistente, essa é mais uma ótima versão desse tinto, que esbanja frutas vermelhas e negras de perfil mais fresco acompanhadas de notas de violetas, de ervas e de especiarias doces.
Mas, é na boca que merece atenção, com seus taninos finos e tensos, sua vibrante acidez e seu final persistente, com toques de ameixas.
Álcool 14%.
Em 1981, Leonor Roquette, filha de Fernando Moreira d’Almeida, e o seu marido Jorge Roquette assumiram a maioria do capital e a gestão da propriedade e, com a ajuda dos seus filhos, deram início ao processo de remodelação e extensão das vinhas. Bem como ao projeto de produção de Vinhos do Douro de Denominação de Origem Controlada (DOC), pelos quais a Quinta do Crasto é amplamente conhecida, nacional e internacionalmente.
Quarta geração da família à frente da gestão desta emblemática quinta que a todos seduz pela qualidade que faz questão de imprimir em todos os seus produtos.
Hoje possui uma gama de produtos, desde Vinhos do Douro brancos e tintos, Vinhos do Porto de categorias especiais e Azeites Extra Virgem, essencialmente nas gamas premium e super premium.
Ao longo dos últimos anos, todos os produtos da Quinta do Crasto têm vindo a ser altamente reconhecidos pelo público em geral e pela crítica especializada.