O ano de 2020 está sendo atípico de diversas maneiras, principalmente no mercado financeiro onde as notícias de política e de saúde geram reviravoltas cada vez maiores. Mas essa semana saiu um dado interessante. A pior de todas as aplicações financeiras (se é que pode ser chamada de aplicação financeira) teve uma redução de 7% no número de suas aplicações no primeiro semestre de 2020. Totalizando R$ 31 bilhões de reais alocados nela, o que ainda é um valor impressionante, que poderia estar trabalhando para gerar renda ou riqueza e está apenas perdendo valor.
Você imagina que aplicação é essa?
Poupança?
Não mesmo. Até a poupança é melhor do que essa aplicação, já que atualmente a poupança rende 0,13% ao mês líquido. Sim, um rendimento horrível, mas ainda assim é melhor que 0% que é o que essa aplicação tem dado nos últimos três anos. Agora, você imagina onde muitas pessoas estão aplicando dinheiro sem retorno algum?
São os famosos e enganosos Títulos de Capitalização.
Vamos entender a lógica por trás desses títulos e tentar ao menos compreender porque o brasileiro deixa nele tanto dinheiro.
Muitas vezes, você que agora lê esse texto já deve ter recebido uma ligação de um gerente de algum banco oferecendo um título desses, com a desculpa de ser uma poupança para o futuro, te mostrando como deixar a cobrança dele em débito automático e como seria útil para a construção de um futuro melhor.
Para melhorar o argumento, é dito que esses títulos seriam objetos de um sorteio no qual você poderia ganhar algumas centenas de milhares de reais caso a sorte lhe sorrisse, mas que não teria problema se você não ganhasse pois o dinheiro todo estaria disponível para você no vencimento e ajustado pela T.R (Taxa Referencial).
Talvez ele só tenha esquecido propositalmente de te contar três coisas básicas:
1° – Que existe um provisionamento gigante no início, impactando assim o rendimento de sua dita aplicação pela T.R.
2° – Que a T.R é zero em momentos de Selic abaixo de 9,5% a.a, como mostra dados da tabela encontrada em https://www.portalbrasil.net/tr_mensal/ . Nessa última década, a TR teve rendimento máximo mensal de 0,26% em julho de 2015, passando a ser 0% ao mês a partir de setembro de 2017.
Isso mesmo: se você botou em uma capitalização de setembro de 2017 até os dias de hoje, você perdeu dinheiro para uma inflação acumulada. Mas não se sinta mal, os dados da TR vão desde 1991 onde ela rendia por volta de 30% ao mês e mesmo assim perdia para inflação de 800% ao mês da época.
Logo, a TR sempre perdeu para inflação, mas agora ela não atualiza nada do dinheiro investido. Mas tudo bem, você pensa… ainda existem os sorteios.
3° – A chance de ganhar no sorteio é praticamente a mesma que ganhar na mega sena, com dois fatores interessantes aqui. O prêmio é muito menor e você paga muito mais.
Portanto, via de regra, você não tem rendimento e a probabilidade de você ganhar na capitalização é quase a mesma que você ser atingido por dois raios.
Ok, então a pergunta que fica é: Por que você investe em um titulo de capitalização?
Muitos podem argumentar que é porque é o único jeito que encontram de poupar algum dinheiro.
Por mais que seja uma resposta válida, isso só evidencia uma realidade trágica no Brasil. Poucos ainda têm acesso a uma educação financeira de qualidade.
Por exemplo, se o problema é a disciplina de juntar dinheiro, existem também, na forma de débito automático, opções como:
1 ° – Investimentos programado: você programa a transferência no seu banco e a aplicação em sua corretora no produto escolhido. A partir daí, seu dinheiro começa a render de verdade e todo mês você junta.
2° – Previdência Privada: você pode deixá-la em débito automático e guardar para seu futuro, além de conseguir muitos descontos com a Receita Federal.
Essas são algumas das muitas dicas que poderiam ser dadas, sendo a melhor de todas a de você estudar para mudar essa situação. Educação financeira não trata de números, trata de você que ganha e gasta o dinheiro e de seus objetivos. Os números são apenas ferramentas.
Busque o conhecimento para nunca mais deixar dinheiro em produtos que são péssimos para você, mas perfeitos para os bancos. Existem, sim, ótimas formas de investimento, e o fato de no Brasil ter mais de R$ 31 bilhões alocados em algo tão ruim, indica que temos muito a percorrer para chegarmos a um grau de conhecimento financeiro que force os bancos a oferecerem os melhores produtos para o cliente e não para o banco.
Sabe quando chegaremos nesse patamar? Quando a maioria dos brasileiros estiver educada financeiramente para buscar as informações sobre aquele produto oferecido…
Espero que cheguemos lá em breve e quero contribuir para esse cenário.
Até a próxima. Bons estudos.
(*) David Rocha escreve semanalmente, às terças-feiras. Ele é assessor de investimentos e educador financeiro, que vive o mercado diariamente, desde 2011, e autor do livro Tesouro Direto – Um Caminho para a liberdade financeira de 2016.
Banco do Estado de Sergipe (Banese) segue uma trajetória de crescimento. Os números divulgados…
Por Gilberto Costa-Silva (*) 15 de novembro de 1889, data da Proclamação da…
Por Juliano César Souto (*) Brasil enfrenta um desafio estrutural que vai além…
Por Léo Mittaraquis (*) Para os diamantinos próceres Marcos Almeida, Marcus Éverson e…
Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*) tema do presente artigo foi inspirado na…
O Banese apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 106,1 milhões nos nove primeiros…