Por Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)
Um poeta certa vez escreveu: “As mães não deveriam morrer nunca, deveriam ser eternas”. Essa é uma verdade incontestável. São as mães, com seus ventres que povoam o mundo. Algumas gestam e parem filhos do coração. Essas são as mais sublimes. Quando DEUS quis que seu filho se materializasse escolheu uma mulher para pari-lo.
São as mães, com seu amor, que mantêm o mundo a seguir em frente. No outono da vida, aos 64 anos, e muitas caminhos percorridos, continuo órfão de mãe, carente do seu amor. Minha mãe partiu, aos 43 anos, em uma madrugada. Infarto fulminante, dormiu e não acordou mais. Estava grávida de seis meses.
Eu, aos 17, perdi minha bússola, meu referencial, meu chão. A vida seguiu seu curso. O tempo – esse senhor que só anda para frente – me trouxe até aqui, mas nunca mais fui o mesmo. Sempre falta alguma coisa. Diria mais, faltam muitas coisas. E falta principalmente ela, minha mãe, Maria da Conceição. Sinto falta de seu amor, de sua atenção, de seu cuidar, de seu zelar, de sua preocupação para comigo. Quantas coisas deixamos de compartilhar, quantos vazios fui obrigado a administrar. Quando minha mãe partiu, e a vi pela última vez, já no esquife, era como se meu mundo tivesse acabado. Durante muito tempo, todos os dias ao acordar a via próxima de mim. Ouvia sua voz, seus conselhos, seus ensinamentos. Tudo o que ela me deixou serviu para eu continuar na caminhada. Se tive êxito como homem foi graças à minha mãe.
Todas as vezes que fico sabendo que uma mãe partiu, lembro com saudade revivida da minha, que jovem se foi. Uma mãe pode partir jovem, ou aos 95 anos, sempre fará falta.
Soube, ontem ao cair da tarde, que Rita havia partido. Segundo a mensagem de Rose, sua nora, Rita fez a travessia, em Feira de Santana, Bahia, aos 95 anos.
Li o que seu filho Antonio escreveu sobre sua partida, chorei. Pensei, que linda idade Rita chegou; foi longeva.
Bem-aventurados os que vivem com sabedoria, é bíblico. Que caminhada maravilhosa Rita deve ter palmilhado. Quanta coisa boa deve ter feito, que belo legado deve ter deixado.
Gostaria de ter proseado com Rita, tomado um café com bolo, com cuscuz, com tapioca, em um final de tarde de mormaço em Feira, em sua casa. Certamente riríamos juntos: ela a me contar histórias, eu a contar-lhe algumas aventuras por esse mundão de nosso DEUS.
Casa de mãe é templo sagrado. Com suas ágeis mãos, elas fazem comida, bordam, costuram, arrumam a casa, de uma maneira que só elas sabem. As mãos das mães tecem a vida, desenrolam o novelo que nos torna gente. As mães sempre têm a palavra certa para cada situação. Quanta sabedoria. Até seus silêncios são ensinamentos.
Segundo Antônio, seu filho do coração, Rita era antes de tudo AMOR. Gostava de ajudar o próximo, sempre disponível, sempre solícita. Mulher de fé, foi reconhecida como “secretária de Nossa Senhora Santana”. Hoje está nos céus, remoçada, livre das dores terrenas.
Nesta hora em que o amor atende pelo nome de saudade, quero te dizer, amigo Antônio, que até ontem eras apenas um menino para Rita. E, só agora, te tornastes homem feito. Com a partida de Rita fostes parido para o mundo.
É hora de agradecimento, de gratidão pela longeva mãe que a vida te deu de presente, pois antes e acima de tudo, Rita foi, é, e será PRESENTE de DEUS em tua vida.
Para não mais me alongar, cito Santo Agostinho: “A angústia de ter perdido não supera a alegria de um dia ter possuído”.
Viva a vida, viva as mães, viva o amor, viva Rita.
Que Deus te conforte nesta hora de dor e de saudades. Antônio, enquanto você falar em Rita, Rita nunca morrerá. Rita se eternizou em seu coração e mente.