Essa não foi a primeira vez que a experiência de Aracaju na formação e manutenção dos núcleos foi destaque nacional. No dia 26 de agosto, o trabalho realizado na capital foi apresentado em um bate-papo online organizado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
No mês de outubro de 2021, a iniciativa já havia sido reconhecida pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) como referência para todo o Brasil, por garantir a participação popular nas ações de proteção e de segurança da capital.
Em entrevista exclusiva ao Só Sergipe, o coordenador da Defesa Civil de Aracaju, Robson Rabelo, detalha a importância dos Nupdecs, detalha a metodologia adotada pela Prefeitura de Aracaju para que a proposta seja efetiva e comenta os impactos da proposta no fortalecimento da resiliência da cidade.
Confira a seguir:
SÓ SERGIPE – Em que consistiu o Fórum Global Understanding Risk e qual a importância da participação de Aracaju no evento?
ROBSON RABELO – Foi um evento destinado às práticas de redução de risco. Aracaju ganhou destaque internacionalmente, muitos participantes eram de outros países e poder mostrar nossas atividades nessa boa prática, com certeza, foi um ganho enorme para a projeção de Aracaju como uma cidade que trabalha para garantir a resiliência. A Defesa Civil de Aracaju, representando a Prefeitura, apresentou justamente a Boa Prática eleita pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), em 2021, relacionada à formação e implementação de Nupdecs, como um diferencial para promover a resiliência através da participação da comunidade na prevenção de desastres.
SÓ SERGIPE – Desde quando os Nupdecs estão em atuação em Aracaju? Qual a importância dos núcleos para a cidade?
ROBSON RABELO – Os Nupdecs, que começaram a ser implantados em Aracaju no ano de 2017, fazem com que a população entenda que é parte da solução. No total, até o momento, foram formados e estão em atuação nove núcleos. Essa interação entre os órgãos públicos e a comunidade faz parte da redução de riscos. Há tendência no Brasil e no mundo de ter esses núcleos comunitários. A nossa diferença é que desenvolvemos uma metodologia para criação dos núcleos, de forma a garantir sua continuidade.
SÓ SERGIPE – Em que consiste essa metodologia?
ROBSON RABELO – O ponto de partida é ir à comunidade levantar as áreas de risco, levando em conta as particularidades de cada uma delas, como no bairro Jabotiana, que tem uma atuação direta nas questões relacionadas à inundação. No Porto Dantas, Cidade Nova e Santa Maria e Bairro América a atuação é mais voltada para o deslizamento de terra. Depois convidamos os moradores para fazer parte do Nupdec, envolvendo a maior representação possível, como líderes comunitários, representantes religiosos e até adolescentes que tenham interesse de participar.
Em geral, um Nupdec costuma ter de 15 a 20 participantes. Aqueles que aceitam, passam por um processo de formação, realizado em cinco encontros, que têm como foco explicar como funciona a Defesa Civil e como a comunidade deve agir junto ao órgão para garantir a redução de desastres. Após a formação, a fim de garantir a continuidade e a efetividade do núcleo, realizamos reuniões ordinárias a cada dois meses, para ouvir e dialogar com a comunidade, e também ações específicas relacionadas à redução de desastres.
SÓ SERGIPE – Qual a importância desse diálogo direto com a comunidade estabelecido através do Nupdec?
ROBSON RABELO – Com a participação dos membros da comunidade fazemos uma atualização do mapeamento das áreas de risco, pois sabemos que os moradores são os maiores conhecedores do seu bairro. Temos a participação de pessoas que moram nos bairros há 20 ou 30 anos, que conhecem os históricos de situações que não foram catalogadas pela Defesa Civil, então esse diálogo proporcionado pelo Nupdec é fundamental.
Como não conseguimos estar em todos os lugares em todos os momentos, os membros do Nupdec repassam informações de demandas para a Defesa Civil, então temos um ganho muito grande na prevenção e na resposta. Há vários exemplos da contribuição da comunidade, mas cito um que aconteceu no bairro Jabotiana. Em 2019, quando ocorreu o último transbordamento do rio Poxim, um integrante do Nupdec que mora no conjunto JK, informava à Defesa Civil de forma contínua o aumento do nível da água do Rio, e isso contribuiu muito para o acionamento de forma prévia de toda a equipe envolvida na resposta, otimizando os resultados. São ações efetivas que ajudam a aumentar a resiliência da cidade e evitam maiores danos nos desastres.
SÓ SERGIPE – A Prefeitura divulga sempre que Aracaju é uma cidade resiliente. O que isso significa na prática?
ROBSON RABELO – A resiliência é a capacidade que a cidade tem de prevenir e de ter respostas rápidas diante de situações de risco e tragédias. Não significa que essas situações deixarão de existir, pois muitas delas, como os desastres naturais, não são totalmente controláveis. Mas a resiliência possibilita minimizar os impactos e garantir a assistência a quem precisar. Este ano tivemos um exemplo claro da resiliência da capital. Neste ano, tivemos chuvas acima da média histórica, com o acumulado de mais de 2.000 milímetros, mas, considerando o volume de chuvas, os impactos foram mínimos e as situações de risco foram prontamente atendidas, evitando vítimas fatais e pessoas desabrigadas.
Além dessas ações que podem ser percebidas no dia a dia da cidade, a resiliência da capital foi certificada pelo Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR). Em março, Aracaju atingiu o nível C, o mais alto da campanha Construindo Cidades Resilientes, iniciativa global da Organização das Nações Unidas (ONU).
SÓ SERGIPE – Além do Nupdec, quais ações foram implementadas para garantir o aumento da resiliência em Aracaju?
ROBSON RABELO – Os resultados foram alcançados a partir de uma ação integrada, que envolve investimentos em infraestrutura, saneamento e limpeza, e em tecnologias de prevenção e monitoramento, a exemplo do Clima Aju e dos serviços de alerta por SMS, WhatsApp e Telegram. Além do trabalho feito pelos Nupdecs, trabalhamos a questão da conscientização da população com o projeto Defesa Civil nas Escolas. São ações coordenadas e permanentes que proporcionam o aumento da resiliência na nossa cidade.
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