Eu tenho uma vida muito privilegiada. É o que gosto de dizer para mim, porque faço o que eu quero e ainda me sustento com isso.
Minha mãe me falou que eu poderia ser quem eu quisesse, e o meu pai me falou que ele me criou para ser feliz, não rica! E aí eu peguei o ensinamento de um, o ensinamento do outro. E o que esta menina fez? Se tornou artista, embora não seja a artista que eu queira ainda, mas estou a caminho.
Esta menina teimosa de oito anos brincou de ser professora, escultora em argila, médica – colocando vendagens e vacinas em qualquer coitada ou coitado que tivesse a coragem de brincar comigo -, pintora, cozinheira, mãe e todos os ofícios que pela minha cabeça passaram.
A menina de oito anos foi crescendo entre árvores de manga, indo com minha mãe à faculdade, brincando de ser poeta como meu pai Manuel e meu irmão Iginio. Aprendi a falar com as mãos como meu irmão Manuelito e a trançar cabelos como minha mãe Rosário.
E assim eu ia, até chegar um casal de viajantes em um motorhome. Eles chegaram até a nossa casa para que meu pai fizesse a mágica e transformasse esse motorhome num verdadeiro lar para essa família.
Então pessoal, esse casal contou para mim que no mundo afora existiam milhares de coisas para se ver, culturas diferentes para se maravilhar, paisagens extraordinárias que os meus olhos não iam acreditar.
Aí o bichinho da curiosidade se apoderou de mim. Falei para meu pai: “Pai, agora sei o que vou fazer com a minha vida. Vou me tornar viajante e vou conhecer o mundo todo! Meu pai rindo ao ver a menina agora de 13 anos e disse: “Certo, minha filha, mas isso só vai acontecer quando você se formar na faculdade”, daí, por um momento, falei tristemente: “Poxa, meu painho, mas para isso falta muito, é quase uma vida inteira”. Nesse momento, meu pai com voz calma e amorosa acrescentou: “Mas daqui até lá, você vai adquirir muito conhecimento que vai auxiliar você na sua viagem”.
Eu menina guardei o meu sonho no lugar onde se guarda o mais precioso da sua vida, o que você mais ama, aquilo que você não quer esquecer jamais, guardei o meu sonho no meu coração.
Agora, lembrando aquilo que minha mãe me ensinou [que eu poderia ser o que eu quisesse na minha vida] consegui ser crocheteira, artesã de couro, argila e outros elementos…
Daí com o meu sonho guardado no coração fiz a faculdade com meu pai e meu irmão Iginio como companheiros de estudos, e nos formamos!!! Ainda que ninguém lembrasse do sonho, ele continuava aqui…
Já formada, meu primo Daniel me falou para eu fazer um curso de teatro, disse que eu nasci para isso. Sem pensar duas vezes fui e me inscrevi… Estando naquelas aulas, interpretei uma gata, criança, fotógrafa, locutora, árvore, dama natureza, até o diabo e outros fascinantes personagens da magia da Interpretação.
Estando nesse mundo de personagens e magia, conheci o meu mago, meu amigo, companheiro de vida e de viagens – Tony. Com ele, entrei no mundo da alegria e das cores, do equilíbrio e do suspense. Tony me apresentou a Luperta, minha palhaça companheira de vida e de viagem. Com eles conheci o amplo mundo do circo.
No teatro, também conheci o teatro do silêncio e o estático, conheci a minha estátua viva, minha companheira de viagens que me sustentou em todo esse percurso que fiz até agora. A estátua viva é maravilhosa, ela me faz perceber a beleza da vida e o mundo encantado. Esse mundo que existe paralelo ao nosso, esse mundo que fica no meio do caos, no meio da tormenta psicológica – a serenidade.
Estando aí, você percebe nas pessoas a alegria, a surpresa, a admiração. E quando isso acontece, o dinheiro que cai na caixinha não é a melhor parte, pode ser um real, 5 reais, 20 reais ou até 5 centavos, a melhor parte é o que elas sentem. Elas me dão vida e ao darem vida, entram no meu pedacinho de mundo mágico, e por uns instantes também esquecem o caos.
Acordar para a vida. Esse é o presente que as pessoas dão para nós estátuas. Ouvi falar que é bom ser grato com a vida todos os dias, agora imaginem quanta gratidão… temos que dar graças umas 400 vezes por dia a cada pessoa que bota o trocado na nossa caixinha. É o topo da gratidão!
Essas experiências são o melhor que a vida tem. E como minha mãe e o meu pai falam, assim eu falo para vocês: sejam felizes acima de tudo, que no meio do caos sempre há um momento de paz.
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(*) Luz é artista, licenciada em Desenvolvimento Cultural e especialista em teatro.
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a). Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.
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