quinta-feira, 14/11/2024
Luiz Thadeu, no centro de Kiev, Ucrânia Foto: Acervo pessoal

Seis meses de um conflito bestial

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Luiz Thadeu (*)

Quarta-feira, 24/08, completou seis meses que a Rússia invadiu a Ucrânia, em mais uma guerra no território europeu, palco de dois conflitos mundiais. Muitos ucranianos pegaram em armas para se defender dos agressores. Milhões, na grande maioria mulheres e crianças, foram obrigados a fugir do país. Pelos cálculos da ONU cerca de 9 milhões de ucranianos deixaram o país. Aqueles que ficaram e que não foram para o campo de batalha tiveram que se acostumar com a vida em tempos de guerra: constantes ameaças de bombardeios e o som das sirenes de alerta de ataques aéreos.

Visitei Kiev, a capital da Ucrânia, em 2018, uma viagem que fiz pelas ex-repúblicas soviéticas: Geórgia, Maldavia, Bielorrussa e Ucrânia. Kiev era uma cidade linda, acolhedora, de pessoas afáveis. Passei cinco dias em Kiev. O hotel ficava no centro, andei a pé toda a região central, ao longo do rio Dnieper, que atravessa a cidade.  Um lugar que desejei voltar. Ao assistir pela TV à invasão da cidade por tropas russas era quase inacreditável ver a destruição daquele fascinante país.

Nesses seis meses, desde que a Rússia invadiu a Ucrânia com a autorização do presidente russo, Vladimir Putin, algumas questões que envolvem a geopolítica internacional podem ser determinantes para o futuro do conflito.

O que era “operação militar especial” na região de Donbass, no leste da Ucrânia, virou um conflito em quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev.

Desde 24 de fevereiro, 5.587 civis foram registrados como mortos e 7.890 feridos, embora as baixas reais sejam muito maiores, disse o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) na segunda-feira (22).

Já o chefe das forças armadas da Ucrânia, general Valeriy Zaluzhnyi, disse nessa segunda-feira que cerca de 9.000 militares ucranianos foram mortos na guerra, o primeiro número de mortos fornecido pelo alto escalão militar desde a invasão.

A tensão no leste da Ucrânia, no entanto, começou em 2014, depois que um presidente pró-Rússia foi derrubado na Revolução Maidan da Ucrânia e a Rússia anexou a Crimeia, com forças apoiadas pela Rússia lutando contra as forças armadas da Ucrânia.

Após a invasão em 2022, os países do Ocidente e a União Europeia (UE) aplicaram uma série de sanções aos russos — que segundo Putin, está provocando uma crise global. E a Rússia respondeu ameaçando cortar o fornecimento de gás aos países europeus. Mesmo com todo apelo dos líderes mundiais, do Papa Francisco ao presidente norte-americano Joe Biden, Vladimir Putin continua em sua saga em aniquilar o povo ucraniano. É o fracasso da diplomacia.

A guerra no norte da Europa afetou as economias de todos os países. Países desenvolvidos da Europa e os EUA experimentaram uma velha conhecida nossa, a inflação.  Parte da carestia em nosso país resulta do conflito entre Rússia e Ucrânia.

Todas as expectativas de que a operação especial militar na Ucrânia fosse terminar rapidamente através de uma blietzkrieg foram frustradas. O conflito militar entre os dois países completa seis meses sem nenhum sinal de cessar-fogo ou sequer a possibilidade de retomada das negociações no horizonte.

Quiseram os deuses da guerra que o aniversário dos primeiros seis meses do sangrento conflito na Ucrânia ocorresse no mesmo dia da celebração dos 31 anos de Kiev como capital de um Estado independente.

Assim como em 1991, os ucranianos estão no centro de um evento com repercussões mundiais. Naquele ano, sua separação da União Soviética foi o golpe final nas pretensões de Mikhail Gorbatchov de manter o combalido império comunista unido sob o comando da Rússia.

À medida que o conflito se estende o futuro da Ucrânia fica incerto, dizimando inocentes e tumultuando a vida dos sobreviventes. Como é possível, em pleno século XXI, o mundo ficar refém de um tresloucado e suas ogivas nucleares?

 

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(*) Luiz Thadeu Nunes e Silva  é engenheiro agrônomo, palestrante, cronista e viajante: autor do livro “Das muletas fiz asas”, o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 143 países em todos os continentes da terra.

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Sobre Luiz Thadeu Nunes

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Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o homem mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da terra. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.  Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências; ATHEAR, Academia Atheniense de Letras; e da AVL, Academia Vianense de Letras, membro da ABRASCI. E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br

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