Estudo publicado por Thuany Motta no UOL, em 18 de março deste ano, intitulado “Mania de fazer selfie: distúrbio ou obsessão?” trouxe outra palavra no exagero da repetição: “selfite”. A mania de autorretratar vem preocupando estudiosos da saúde mental. Desde 2014 especulou-se, sem comprovação, que Associação de Psiquiatria Americana (APA) teria considerado um distúrbio. Atualmente a “International of Mental Health and Addiction” entendeu que é obsessão comportamental dividindo-se em três graus: no limite, aguda e crônica. Mark Griffiths e Janarthanan Balakrisahnan cientistas indianos fizeram estudos sobre o tema constatando que o estágio crônico acontece quando as pessoas perdem o controle e tiram e postam fotos mais de três vezes ao dia.
Segundo a publicação de Thuany Motta, Mark Griffiths, afirmou que “ainda não há um posicionamento oficial se o selfite é um transtorno mental. O conceito pode evoluir ao longo do tempo à medida que a tecnologia avança, mas os seis fatores identificados que parecem estar subjacentes à atividade no estudo são potencialmente úteis para entender essa interação humano-computador em dispositivos eletrônicos móveis”.
Acompanhando seguidores de Ariano Suassuna, percebe-se que tais expressões, selfie e selfite, vêm de um neologismo com significado de autorretrato, uma foto tirada e compartilhada na internet, portanto fotografia de si mesmo. Nossa língua mãe ficaria satisfeita com a preferência pela grafia da terra de Camões, porém o anglicismo acessou sem limite o cotidiano do brasileiro.
Ainda da mesma fonte “de acordo com o psiquiatra Frederico Garcia, secretário geral da Sociedade Mineira de Psiquiatria, a origem do problema não está na selfie em si, mas nos efeitos que ela provoca. “São as sensações produzidas no ser humano diante das curtidas, dos comentários, em todo movimento que nasce da postagem da selfie”. …“Trata-se da exposição de um estímulo ao ser humano muito recente. O que sabemos é que ele provoca a liberação de dopamina no cérebro, o que leva à compulsão. Ainda levaremos alguns anos para entender esse fenômeno, mas ele apresenta características semelhantes às de outros transtornos comportamentais e deve ser acompanhado”.
A psiquiatra Mila Santiago, especialista em vício em tecnologia e diretora do Instituto Brasiliense de Psiquiatria, acredita que a selfite pode estar associada a outros tipos de transtornos de saúde mental e ao impacto da tecnologia na vida social. “Podemos destacar a ansiedade, depressão, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) ou até mesmo problemas de autoconfiança e autoestima. Vivemos numa era de conexão diária e constante, na qual trazemos a realidade para dentro do mundo virtual e isso inclui as coisas boas e também as ruins, em vários sentidos”.
Nada contra, busca-se apenas despertar. Política, alimentação, bebidas, consumismo, esportes, discurso, drogas, postagens em redes, selfie, selfite etc. enfim, tudo que for exageradamente frequente enseja preocupação com vício ou compulsão. Propor reflexão à luz de estudos científicos com repercussões na saúde das pessoas na atualidade merece consideração. Identificar as causas chamadas destes “gatilhos”, substituir por variados comportamentos, rejeitar sentimento de culpa, buscar a ajuda de profissionais especializados podem ser alternativas. Evitar a dependência ou o vício facilita a harmonia entre corpo e mente e por consequência, reforça a paz interior e o autoconhecimento.
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(*) Valtênio Paes de Oliveira é professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada -Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.
** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor. Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.
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