O economista Emerson Sousa disse hoje, 30, que o fato de Sergipe ser o quinto estado brasileiro no ranking do Mapa da Nova Pobreza, divulgado pela Fundação Getúlio Vagas (FGV), com quase a metade da população – 48,17% – vivendo com renda per capita de até R$ 497,00, mostra a falta de dinamicidade econômica do Estado. “De 2012 até 2015, foi decrescente a proporção da pobreza: 44%, 42%, 39%, e a partir de 2016 começa a subir de novo: 40%, 42%, 43% 46%; teve uma queda em 2020 por causa do auxílio emergencial”, afirmou.
E qual é o caso de Sergipe? “Pode muito bem ser efeito desmobilização de duas importantes cadeias produtivas: petróleo e gás e construção civil. Isso desarticulou muito a economia sergipana que hoje está dependente do comércio e dos serviços”, explicou. “É dessa forma que podemos analisar estes números da FGV”, disse o economista Emerson Souza. “Uma casa com três pessoas que ganhe R$ 1.491,00 (ou US$ 5,5 por dia) está nesse nível de pobreza mostrado pela pesquisa”, completou.
Nesse ranking da pobreza, Sergipe só perde para o Maranhão (57,90%), Amazonas (51,42%), Alagoas (50,36%) e Pernambuco (50,32%). Em 2012, portanto há 10 anos, Sergipe saiu da 11ª economia mais pobre, e agora o ocupa o quinto lugar.
“Percebemos num nível macro que esse mapa da pobreza mostra muito os níveis de desigualdades regionais do país. As piores situações estão nos Estados do Norte e Nordeste e “as menos ruins, porque também são altas, estão no Sul, Sudeste e Centro Oeste. Nem Santa Catarina, que tem 10% de pobres, pode se dizer um Estado abençoado”, afirmou o economista.
Milhões de brasileiros
O Mapa da Nova Pobreza aponta que o número de brasileiros que ganha menos de meio salário-mínimo aumentou entre 2019 e 2021. De acordo com o documento, o número de novos pobres surgidos ao longo da pandemia de Covid-19 chega a quase 30% da população.
Segundo o economista Marcelo Neri, responsável pelo estudo, o número de pessoas com renda domiciliar per capita até R$ 497 mensais atingiu mais de 62 milhões de brasileiros no ano passado.
E estudos publicados pelo Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – , vinculado ao Ministério da Economia e à Universidade Federal de Pernambuco, mostram que muitos brasileiros, mesmo diante dos reflexos da crise sanitária provocada pela Covid-19, têm conseguido equilibrar as contas com a ajuda de programas de transferência de renda, como o Auxílio Brasil, do governo federal, que em junho beneficiou mais de 18 milhões de famílias.
Com informações da Agência Brasil