O recuo do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 0,2% no primeiro trimestre deste ano pode ter sido mais significativo para o Nordeste e Sergipe, especificamente, pois as regiões mais pobres costumam ser mais atingidas com relação ao dinamismo da economia. “E Sergipe pode ser prejudicado mais ainda”, acredita o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos (Dieese), Luís Moura.
Ele lamenta que em Sergipe o comércio esteja paralisando, empresas sendo fechadas, a exemplo da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) e a Escurial, em Socorro. “Enquanto o Estado não voltar a dar o ‘start’ na economia, viveremos esse dilema da recessão. Alguns já falam que estamos em recessão e que 2019 está perdido”, frisa Luís Moura.
O único ponto positivo em Sergipe, até o momento, é a termelétrica, cujas obras estão em fase final, que dará impulso no PIB da economia sergipana. Sozinha, ela vai responder por algo em torno de 0,3% a 0,5% do PIB, no setor de energia, gás e petróleo.
Luís Moura criticou a fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, quando ele disse que o resultado do PIB brasileiro não é nenhuma surpresa, já que a economia brasileira está estagnada há anos. “O ministro esqueceu de dizer que, pela primeira vez, desde 2016, você tem queda do PIB. O que acontecia antes era um crescimento muito baixo, mas tinha. Esse primeiro trimestre verificou essa queda. Simplesmente o governo central resolveu ajuste fiscal poderoso, está cortando gasto público, paralisando obras e serviços públicos. Isso atinge diretamente a economia dos estados”, explicou Moura.
Enquanto Paulo Guedes voltou a defender a reforma da Previdência, Moura disse que ela [a reforma] vai agravar a situação, pois haverá dificuldade de acesso às aposentadorias rurais.
IBGE
Na análise do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o PIB nacional, com relação ao primeiro trimestre de 2018 houve crescimento de 0,5%. O acumulado dos quatro trimestres também apresentou desempenho positivo de 0,9%.
Em valores correntes a soma dos produtos e serviços de todo o país totalizou R$ 1,714 trilhão, como explica a pesquisadora do IBGE Cláudia Dionísio. A principal responsável pela queda do PIB foi a indústria, que recuou 0,7%.
A agropecuária também apresentou recuo de 0,5%. Já o setor de serviços seguiu como um contraponto, ao avançar 0,2%.
O mesmo comportamento foi observado na comparação com o primeiro trimestre de 2018, com a agropecuária caindo 0,1%, a indústria recuando 1,1% e os serviços crescendo 1,2%.
Ainda de acordo com o IBGE, pela ótica da despesa, de dezembro a março tanto o consumo do governo quanto o consumo das famílias cresceram.
Por outro lado, os investimentos caíram 1,7%. As exportações também caíram 1,9%, enquanto as importações avançaram 0,5%. Mas com relação ao primeiro trimestre de 2018 os investimentos avançaram 0,9%.
A balança comercial apresentou comportamento inverso, com aumento de 1% nas exportações e retração de 2,5% nas importações.