Cerca de 9 mil pessoas em Sergipe são empreendedoras da terceira idade e estão comandando um negócio. A informação é do Sebrae, que analisou dados da mais recente Pesquisa Nacional por Amostragem Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em todo o Brasil, no final de 2021, quando a pesquisa foi divulgada, havia cerca de 1,8 milhão de empreendedores da terceira idade, o que equivale a 7,3% do total do país.
De acordo com o estudo do Sebrae, a grande maioria dos empreendedores tem 65 anos ou mais e 73% deles são homens, sendo que 36% deles atuam no setor de serviços. O engenheiro de petróleo Ivaldo Mesquita Ferreira, 73 anos, é um deles. Ele fundou a Wellcon, em 1998, que presta serviços de consultoria e treinamento em Aracaju e em outros Estados. “Trabalhei mais de 30 anos na Petrobras e era para estar aposentado. Havia um treinamento na Petrobras que apelidávamos de ‘pé na cova’, pois dizia que a sobrevida após a aposentadoria era de somente cinco anos. O psicólogo orientou que não deveríamos parar”, afirmou.
Ivaldo seguiu o conselho e hoje a Wellcon (Well, poço; con, controle) é a única empresa sergipana, até agora, com certificação de controle de poço IADC (International Association of Drilling Contractors). “Estou feliz com a empresa”, assegura, ao lembrar, também, que foi a primeira a instalar energia solar. Atuamos com cursos online, mas podemos dar treinamentos presenciais”, destacou. A empresa, que gera 20 empregos diretos, tem cerca de 300 alunos por ano, e foi através do Sebrae que recebeu a certificação ISO, e ganhou prêmios.
Outro exemplo de empreendedor é José Américo dos Santos, 68 anos, que depois de aderir ao plano de demissão do Sebare, em 2018, decidiu continuar trabalhando. Montou dois coworkings: o Eco Working, no bairro Jardins; e o Espaço Luz, na Coroa do Meio – ambos em Aracaju. As duas empresas são familiares. Ele administra o Eco Working, enquanto o seu clã feminino cuida do Espaço Luz.
José Américo é um administrador, mas não se pode deixar de considerar a sua qualidade como estudioso. Ele é arquiteto, estatístico, economista, bacharel em Direito, engenheiro de segurança e atualmente estuda Psicanálise. “Tudo tem a ver com tudo”, garante. Também é autor do livro “Análise Econômica do Direito no Ordenamento Jurídico Brasileiro, fruto de uma monografia feita na Universidade Federal da Bahia (UFBA), que sugeriu a publicação por lá. “Mas eu trouxe para Sergipe e a Universidade Federal de Sergipe (UFS) e o Sebrae fizeram uma parceira, assim o livro foi publicado”, completou.
José Américo trabalhou 40 anos como consultor do Sebrae, mas nesse período foi cedido a diversos órgãos estaduais para prestar serviços. “Fiz projetos para Secretaria de Estado da Educação, Deso, Prefeitura de Aracaju”, lembra. Mas o que o motivou a continuar trabalhando e estudando? Primeiro que não sei ficar parado. Não consigo. Vejo o trabalho como a possibilidade de retribuir um pouco do que você aprendeu. Tem que passar isso para alguém, para renovar, para que este processo seja contínuo”, frisou.
Num ambiente eminentemente masculino, a empresária Júlia Moreira Prata, 63 anos, se destaca como a proprietária da Casa do Pão, um estabelecimento que tem 70 anos de fundado, e vem passando de pai para filho. Durante 29 anos, a padaria foi administrada pelo marido de Júlia, José Alves Filho, que se afastou há 15 anos, porém ela decidiu continuar com o empreendimento. “Gosto do que faço, de estar à frente da padaria. Tenho força, energia e estou bem. É uma questão de sentimento, de vontade, de querer ver a coisa ir para frente”, ressaltou.
Coordenando16 funcionários, Dona Júlia, como é mais conhecida, diz que a padaria, localizada na praça João XXIII, no centro de Aracaju, funciona de segunda a sábado, e, além de vender pães e bolos, tem um diferencial. Oferece café da manhã, das 6 às 10 da manhã, e almoço das 11 às 15 horas. “À noite temos caldos, sopas, mas só funcionamos até as 19 horas”, completa.
Dona Júlia foi pioneira em trazer, pela primeira vez para Sergipe, o Propan (Programa de Desenvolvimento da Alimentação, Confeitaria e Panificação), que atua junto às empresas oferecendo treinamentos e consultorias. O Propan é um projeto realizado em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Panificação e Confeitaria (Abip).
Ela estava no Rio de Janeiro num congresso de panificação, há uns 15 anos, ficou empolgada com o que assistiu, foi até um dos palestrantes e disse que gostaria de levar o Propan para Sergipe. Esse palestrante, cujo nome ela não se recorda, orientou-a a procurar o Sebrae. Quando chegou em Aracaju, ela foi até o Sebrae e o consultou que a atendeu explicou que ela precisava reunir 10 padarias para realizar o Propan. E assim ela o fez.
“Lembro que reuni a Karolmila (que já fechou), Good Pão, União, Casa do Pão, claro, dentre outras. E aí veio treinamento para todo mundo e nós nos desenvolvemos. Foi um ano de treinamento. Digo a você que foi um divisor de águas. Passamos a ver as pessoas como colegas e não como adversários. Foram surgindo novos Propans e todos que integraram se desenvolveram”, disse, orgulhosa Dona Júlia.
Dona Júlia é uma empreendedora nata. Ela conta que com 14 anos começou a vender produtos da Avon, porque queria ter seu próprio dinheiro. “E sempre foi assim, quis trabalhar. Depois fiz biscoitos para vender, dentre outras. A família está arrumada. Minhas filhas já escolheram as profissões delas – uma dentista e outra advogada –, tenho dois netos e vou seguindo trabalhando”, disse.
A Pesquisa Nacional por Amostragem Contínua do IBGE diz que o número de idosos no Brasil deve duplicar até 2042. Ou seja, um em cada quatro brasileiros terá mais de 60 anos e a probabilidade de o empreendedorismo fazer parte da vida dessas pessoas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que em 2050 haverá igualdade entre o número de idosos e o de jovens até 15 anos.
Um levantamento do Sebrae mostra, também, que a maioria dos empreendedores acima de 60 anos está no setor de serviços (36%), seguido de Agropecuária (23%), Comércio (19%), Indústria (14%) e, por último, Construção (8%). As razões para empreender na aposentadoria são várias, desde a necessidade de obter uma renda extra para complementar o benefício até a vontade de permanecer produtivo, fazendo algo totalmente novo ou usando a experiência acumulada ao longo dos anos de trabalho.
O estudo do Sebrae revela que empreendedores com 65 anos ou mais são, em grande maioria, homens (73%), brancos (59%), chefes de família (73%), dedicando-se a um único trabalho (98,8%). Em termos de escolaridade, o empreendedor da 3ª idade é o que tem menos instrução quando comparado aos demais grupos. Em sua maioria, eles possuem nível fundamental (48%). Apesar disso são os que apresentaram o maior rendimento, com 10% e ganhos de mais de cinco salários-mínimos.
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