Por Tácio Brito (*)
Palavras: a alma cambiante da comunicação humana, seu átomo fundamental. Com elas insuflamos sentimentos, expressamos a vontade, erguermos impérios, amamos e odiamos, criamos e destruímos com igual velocidade. E ainda assim, é estranha a forma como elas nos parecem tão simples, frágeis, dignas de serem ignoradas.
É fato conhecido que as palavras se incorporam na mais importante tecnologia evolutiva da humanidade: a comunicação. Sem elas, certamente não teríamos sido capazes de complexibilizar nossos conhecimentos, não teríamos criado a noção do tempo e do espaço. Elas criaram o Sol e as estrelas que salpicam nossa abóbada celeste e, em metalinguagem, o criar e o destruir. Elas nos permitiram pregar a pedra angular para desenvolver as sociedades, nossos sistemas, cultura, nas ideologias, dos credos de vida e morte, a abstrata matemática e permitiu a concretização dos “milagres” da inventividade humana.
“Elas criaram o Sol e as estrelas que salpicam nossa abóbada celeste.”
Esses pequenos amontoados de letras, transformaram a compreensão da existência, sejam nos escritos dos grandes pensadores ou na sublimação pura da pintura intensa de Van Gogh, na complexibilidade emocional de Pollock e na técnica intensa de Caravaggio. Nas sinfonias melodiosas de Bach e na paixão desenfreada de Paganini. Pois nada disso teria sido possível, se elas não pulsassem nos corações dos seres. Enfim, transcendem sua existência simplória em uma miríade de significados apenas alcançáveis pelos corações mais ávidos pela experiência de recebê-las.
São nas palavras que os líderes de nossa espécie maquinaram as transformações, expandindo suas ideias para além de suas línguas, alcançando as amplitudes de nossas mentes, remexendo em nossas crenças, alterando-as, somando-se, reforçando ou pondo em xeque. Nelas vimos Martin Luther King apelar pela igualdade e lutar contra o preconceito ao mesmo tempo que vimos as massas nazistas serem encorajadas em seu propósito nefasto.
Diante do poder bruto que há nas palavras, percebo a importância que há na capacidade de lapidar essa energia: a retórica. Meio sobre o qual é possível dominá-las, analisá-las. Quantas vezes nos deparamos ignorando palavras ditas pelos outros que dizem muito mais do que aparentam? Dependendo de sua configuração, a retórica pode destruir a vida de uma pessoa, um grupo, uma população, um país, física ou psicologicamente. Assim como pode igualmente salvar.
Percebe? Então por que insistimos em nos privar de aprender o domínio da retórica? De compreender as palavras? De ao menos sermos capazes de dosar seu peso? De saber quando usar até da ironia de deixar o silêncio falar quando necessário? Nada nasceu em nosso mundo sem elas. Mesmo nas religiões, os deuses criaram o mundo através da palavra!
(…) por que insistimos em nos privar de aprender o domínio da retórica?
Enquanto evitamos enfrentá-las somos acorrentados pelo poder dos outros. Essa autoridade, que é mais que apenas um contraponto, é cerne da emancipação da vida de um ser humano. Uma emancipação que descubro à medida que experimento a expansão da minha habilidade retórica.
Pense: Se o domínio da palavra não fosse tão importante, por que nossos dominadores se esforçariam tanto em desenvolvê-lo e em torná-lo inacessível à grande maioria da população? Por que crescemos aprendendo que ficar calado é sempre melhor? Que o medo de falar é aceitável a um ser humano, cuja uma das grandes capacidades é a habilidade de falar de diversas maneiras?
Sem conhecer as palavras, não é possível se expressar. É privado-lhe o entendimento e o moldar a realidade, a construção narrativa, a abertura de caminhos e a construção do futuro. Não importa o idioma, a linguagem. Cada segundo que você passa longe dos amores e horrores das palavras ocorre um choque entre a existência e o propósito da humanidade.
Descubra, explore, sinta, chore, sorria. Expresse emoções em palavras, diversifique seus limites retóricos e narrativos com elas e você nunca mais viverá da mesma maneira, nunca mais enxergará da mesma forma. E assim, após um longo texto recheado de palavras, uso meu poder retórico e recomendo que se quiser descobrir a vida, peço que comece nas palavras.
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