Os 150 anos da Loja Maçônica Cotinguiba e os 200 anos do Grande Oriente do Brasil foram comemorados durante uma semana em Sergipe, reunindo maçons de diversas partes do país. Foi uma semana inteira de atividades, que começou no dia 8 de novembro, com apresentação do Coral Canto Fraterno e da Orquestra Sinfônica de Sergipe, no Teatro Atheneu, e culminou no sábado à noite com uma solenidade na Loja Maçônica Clodomir Silva que, este mês, completa 65 anos de fundação.
Entre os presentes estava o soberano grão-mestre do Grande Oriente do Brasil, Múcio Bonifácio Guimarães, que – em data a ser definida – receberá o título de Cidadão Sergipano, na Assembleia Legislativa de Sergipe. Ele afirmou que estava muito feliz em comemorar no Estado os 150 anos da Loja Cotinguiba e os 200 anos do GOB. “É uma satisfação muito grande para nós”, destacou.
Neste ano conturbado na política brasileira, Múcio Bonifácio assegurou que o GOB não tem posição política, mas “é uma organização política em favor do Brasil”. Tanto é assim que até dezembro o GOB e outras instituições maçônicas brasileiras irão entregar ao presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, um documento redigido pelos dirigentes de três instituições maçônicas – GOB, Comab (Confederação Maçônica do Brasil) e Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB).
“Vamos estabelecer premissas e depositar as nossas esperanças para que as realizações em favor do desenvolvimento social, de obras públicas se revertam em favor das pessoas e do combate à fome”, reforçou Múcio Bonifácio.
Advogado, sociólogo, especialista em Direito Público e com MBA em Controle Financeiro, Múcio Bonifácio é natural de Rio Verde, Goiás, e ficará no cargo de soberano grão-mestre até junho do próximo ano.
No sábado à noite, pouco antes da sessão solene na Loja Clodomir Silva, Múcio Bonifácio conversou com o Só Sergipe.
Confira.
SÓ SERGIPE – Este ano se comemora os 200 anos do GOB Brasil e aqui em Sergipe os 150 anos da Loja Maçônica Cotinguiba. Com foi para o senhor participar desses dois eventos aqui em Aracaju?
MÚCIO BONIFÁCIO – Foi extremamente positiva, porque são fatores que se unem. Primeiro, a Loja Cotinguiba completar 150 anos de fundação; é um feito histórico porque a inserção num acontecimento como este merece muito agradecimento. Então, por parte do Grande Oriente do Brasil, o que nós estamos colocando é exatamente essa satisfação de ter na nossa federação gobiana uma loja com 150 anos. Por outro lado, os dois séculos do GOB merecem de todos nós uma reflexão especial. A primeira delas é o que essa instituição tem com o país. Fico muito à vontade para dizer que essa é a única organização civil do terceiro setor a ter dois séculos.
Lamento que não tenhamos outras organizações, pois essa é a realidade. Então, isso aumenta muito a nossa responsabilidade. Temos que ter um olhar de preservação sobre essa nossa organização.
Outra questão bastante significativa é com relação à respeitabilidade do GOB. Nós temos participado em nossas unidades federadas de muitas homenagens e quase todas elas também são consorciadas com os poderes públicos da maneira geral. São prefeituras, Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas, governadores de Estado. Essas homenagens têm se sucedido na maioria dos pontos do país. Essas representações acontecem e a nossa responsabilidade também aumenta ainda mais, porque a percepção da sociedade é da grandeza do trabalho desenvolvido pela Maçonaria Brasileira e pelo GOB ao longo de 200 anos.
Isso tudo é motivo de muitas felicidades, sinto-me honrado por estar dirigindo o GOB por ocasião da celebração dos seus 2 séculos. No início do ano de 2021, nós reunimos os grãos mestres estaduais para sentir deles quais as melhores expectativas com relação à celebração dos 200 anos. Da média das opiniões nós recebemos sugestões de que isso acontecesse em todo o país, então nós dedicamos o ano de 2022 a celebrarmos nossos 2 séculos. É uma experiência nova? Não. A Grande Loja Unida da Inglaterra tem 3 séculos e dedicou, o ano todo, em encontros estratégicos para poder celebrar os seus 300 anos. Nós fizemos o mesmo agora em relação aos 200 anos do GOB, e isso está nos enchendo de muita alegria.
Portanto, aqui em Sergipe nós tivemos a melhor recepção, as melhores organizações, e estamos realmente muito felizes.
SÓ SERGIPE – Aliado à festa dos 200 anos, este ano o GOB teve que tomar uma posição, pois a instituição teve o nome envolvido na política partidária conturbada no país. O senhor, inclusive, foi autor de uma carta mostrando que o GOB não está envolvida com política partidária. Mas, afinal, qual a posição política do GOB?
MÚCIO BONIFÁCIO – O GOB não tem posição política e vou dizer porque. Exatamente por sermos uma organização plural, nós abrigamos todas as mais variadas tendências dos nossos milhares de obreiros no Brasil. Portanto a organização não pode ter nenhuma preferência. Pode ter, sim, manifestações para orientar os nossos irmãos no Brasil, mas sem estabelecer conflito interno. Outra colocação que gostaria de fazer é que essa conversa de que não se pode discutir política dentro da Maçonaria, ela não é verdadeira. O GOB é uma organização política em favor do Brasil. Não é uma política rasteira discutida dentro de algumas facções. Nada disso. O GOB discutiu profundamente a Independência do Brasil, a Abolição da Escravatura nos templos maçônicos e outros momentos importantes como, por exemplo, auxílio às vítimas da Primeira e Segunda Guerras Mundiais. Tivemos participação intensa no processo de redemocratização do país e hoje tem um elenco de realizações sociais, de obras filantrópicas, educacionais, de saúde, que é um acervo fantástico.
Eu não tenho dúvida de afirmar que o Grande Oriente do Brasil tem a maior obra social do país mantida com seus esforços, dos seus voluntários, com seus próprios recursos. Seja através de campanhas específicas de captação de recursos, quer seja mesmo pela espontaneidade de participação dos seus próprios membros. Então, é um outro lado extremamente positivo de dizer que Maçonaria, sim, tem que discutir política, na mais perfeita acepção do termo, e contribuir para que o país tenha sempre paz, tranquilidade e seus esforços reconhecer. Estamos muito voltados nesse momento para dizer que a educação no país, realmente, tem que ser reformulada. Esse é um tema antigo, dizem que esse é um tema para o futuro. Não é para o futuro, é imediato. E não podemos ter gerações que passem do berço ao túmulo sem ter uma boa formação cultural, sem ter uma atividade. Isso é inimaginável num mundo moderno que temos hoje.
SÓ SERGIPE – O senhor pensa em preparar alguma carta ao presidente eleito falando dos parâmetros que a Maçonaria defende, o que ela entende sobre quais são as políticas de Estado para o país?
MÚCIO BONIFÁCIO – Nós estamos em uma variação junto com as outras potências regulares da nacionalidade brasileira para que esse conjunto tenha realmente o peso que merece ter e a preocupação nos nossos trabalhos internos. Eu me refiro ao GOB, à Comab e à CMSB. Neste ano, nós já fizemos a primeira atividade conjunta que foi a Conferência da Maçonaria Regular Brasileira, que aconteceu lá em Florianópolis, e algumas bases foram definidas, algumas comissões foram criadas para nós estabelecermos posições comuns.
Eu acredito que nós deveremos externar as nossas posições pelo menos ainda no mês de dezembro antes que aconteça a posse do novo presidente, estabelecendo premissas e depositando as nossas esperanças para que as realizações em favor do desenvolvimento social, de obras públicas se revertam em favor das pessoas, e o combate à fome. Não podemos ter, como eu vi outro dia da praça da Sé, em São Paulo, milhares de pessoas que ficam esperando ao relento uma comida. Elas não têm nenhuma proteção social e isso não pode acontecer num país rico como o nosso. Queremos estar no acompanhamento a todas as atividades governamentais. É algo que devemos fazer no âmbito dos municípios com as nossas lojas maçônicas, assim como no âmbito dos governos estaduais e também com a União.
SÓ SERGIPE – Há muitas críticas à Maçonaria de que ela vive se vangloriando do passado, de que foi ativa na Independência do Brasil, na Abolição da Escravatura, como inclusive já foi citado aqui pelo senhor. Mas isso já passou. O que há de efetivo agora, já que não vivemos de passado?
MÚCIO BONIFÁCIO – Você falou do passado e nós temos uma visão clara e fazemos isso durante essa gestão atual que iniciou no último trimestre de 2018. Temos tradição com inovação. Mostramos as nossas tradições, elas têm que ser permanentemente lembradas, mas sempre com oxigênio a mais para dizer que a nossa instituição está com um pé na modernidade. Só para citar um exemplo, nós temos hoje o Robô Gob. Entramos na era da inteligência artificial com esse atendimento inicial. Ele se inicia nessa porta de entrada, conectado 24 horas por dia e é uma experiência nova.
Temos outras eficácias tecnológicas, como, por exemplo, um cartão. Somos a única potência brasileira e internacional que tem um cartão de identidade – é o Gob Card – que tem uma admiração internacional, com QR Code, todos os instrumentos necessários ao reconhecimento dos maçons e levará, sem dúvida, a uma alteração do nosso comportamento interno. Mas nós queremos preservar as nossas tradições, e é possível sim termos alterações muito fortes na nossa legislação para fazermos os ajustes que têm que ser feitos. Tem área de tabu, por exemplo, que é a de orientação ritualística. Criamos um sistema chamado de Sistema de Orientação Ritualística (SOR) com todas as travas e proteções, mas que permite aos maçons fazerem consultas permanentes. Aqueles que cuidam das nossas orientações ritualísticas internas em tempo real. Então, essa é a nova fisionomia da maçonaria brasileira.
SÓ SERGIPE – Quantos maçons existem hoje no Grande Oriente do Brasil?
MÚCIO BONIFÁCIO – Nesse momento, mesmo com os efeitos da pandemia, é a organização mais procurada para admissão de novos maçons. Nós estamos neste momento com 7 mil pessoas, mesmo considerando os efeitos nefastos da pandemia. Eu coloco que isso significa muito para o GOB, mas temos milhares de pessoas aguardando ingressar nos nossos quadros por ser uma organização verdadeiramente comprometida com o país e com os olhos voltados para o futuro.
Temos um programa especial para fazer uma adaptação interna para as nossas convivências, porque nós temos, na fse adulta, todas as faixas etárias nos procurando. A média que temos na faixa etária é de 71% os seus membros com mais de 62 anos em nossas lojas. Isso implica num compromisso muito forte de renovar, porém não é renovar de qualquer maneira. Mas sim com critérios, qualidade, mas ter o único foco permanente na política de renovação. E aí tem que fazer ajustes internos com a tecnologia, porque o jovem vive no seu ambiente familiar, ele tem também sua própria ambiência de convivência com outros jovens que exige velocidade. E se ele chegar numa organização lenta, não der respostas, não tiver ajustes, ele fica pouco tempo e depois sai. E é isso que ocorre. Nós temos que fazer uma reprogramação para poder nos ajustar com essa realidade porque são os jovens que chegam das gerações X, Y, e eles precisam encontrar um ambiente interno oxigenado para poder permanecer na nossa Ordem.
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