Saberiam dizer o que Domingos Fernandes Calabar, Augusto Pinochet, Silvério dos Reis, Heinrich Himmler, Marcus Junius Brutus, Talleyrand- Perigord e Judas Iscariotes têm em comum? Pois bem, foram eternizados na história como os traidores mais famosos de todos os tempos. Pecha que em nada dignifica esses personagens, entretanto, alerta-nos para que reflitamos sobre nossas relações conjugais e interpessoais, procurando sempre aprender com o deslize alheio e moldar nossas vidas.
É bem sabido que para todo veneno há seu antídoto, não obstante se não nos atentarmos a tempo, aquele há de corroer e destruir não somente sua vítima, mas sobretudo seu algoz, pois nô-lo deixará uma mancha que nem o tempo apagará, perpetuar-se-á muito além, como uma herança maldita para seus descendentes. O “fogo amigo”, como popularmente denomina-se, é repugnante mesmo em sociedades primitivas, entre soldados em batalha ou bandidos encarcerados. Ser inimigo assumido é muito mais honroso e requer mais respeito que um amigo desviado ou pseudo-aliado que, geralmente, quando descobertos, são cruelmente executados.
Enquanto procuramos combater o ódio e a intolerância ao desbastar, atentamente, a parábola cristã que ensina a virar a outra face ao nosso algoz que nos flagela, percebe-se, pois, atitudes diametralmente antagônicas, ou seja, flagelar quem nos afaga.
Não só de relatos históricos ou religiosos nos referimos aqui. Na Augusta Maçonaria também nos debruçamos nesta temática, trabalhando constantemente as virtudes cardeais, sobretudo a fraternidade! Ser fraterno é ser literalmente irmão, amigo, que acolhe, que orienta, que critica edificando, com olhar sincero, mesmo que discordando nas ideias, mas convergindo nos sentimentos, com destaque ao amor sublime, que perdoa, aquele que nos iguala e nos une, bem como nos conduz cada vez mais próximo ao Grande Arquiteto do Universo.
Em muitos trechos da nossa Ordem, o contexto da traição também circula entre nós, muito bem narrado quando o mestre arquiteto Hiram Abiff, empoderado da confiança que os seus pares nô-lo depositaram, morrera assassinado pelos seus companheiros Jubela, Jubelo e Jubelum os quais, obnubilados pela ânsia do poder e da revelação dos segredos da Ordem, não demonstraram misericórdia. Nosso mestre Hiram Abif simboliza, pois, a importância de sermos honestos e leais para outrem e, principalmente, para nossa consciência, pois a carne empobrece e sucumbe no vício. Já o espírito, este se eterniza no legado virtuoso.
E assim caminha o mundo e a humanidade tal qual uma fogueira. A lenha representada pela vaidade, intolerância, inveja, ódio e rancor que, acesa pela chama da traição, geram uma brasa ardente que queima, fere e provoca cicatrizes. Só com a pura água composta por perdão, lealdade, fraternidade e humildade pode efetivamente apagá-la, em prol de si, das instituições tradicionais como Igreja e Maçonaria e da sociedade em que vivemos e na qual nossos filhos e netos viverão!
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(*) Hernan Augusto Centurion Sobral é médico cirurgião e coloproctologista. Mestre maçom da Loja Maçônica Clodomir Silva 1477, exercendo atualmente o cargo de orador.
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