Semana passada, falei aqui dos efeitos de uma possível redução de 0,25% a.a. na taxa Selic. Mas o Copom resolveu baixar essa taxa em 0,5% a.a, redução maior que a esperada pela maioria dos analistas do mercado. Com isso, muitas pessoas passaram a me perguntar se a Renda Fixa tinha morrido e se era hora de investir em ativos de maiores riscos.
Bom, as respostas para essas perguntas devem levar em conta muitas variáveis. Mas vamos tentar respondê-las.
Investimentos em Renda Fixa tendem a ser os mais populares no Brasil já que, historicamente, temos juros reais muito grandes. Isso tornava muito fácil ganharmos por volta de 1% ao mês nessa modalidade. Mas, já há algum tempo que isso vem mudando e cada vez que a taxa Selic cai, as pessoas fazem alarde pensando onde alocar o dinheiro. Na verdade, não é necessário pânico.
Os investimentos em Renda Fixa continuarão tendo o seu valor, como parte de menor risco da carteira do investidor. Logo, serão usados para investimentos que buscam, desde a importantíssima margem de garantia, até a aposentadoria.
Mas, por que isso? Simples: nossos juros reais continuam muito bons. Por definição, o Juro Real é o que verdadeiramente ganhamos ao aplicar nosso dinheiro. Para sabermos o valor do juro real, devemos deduzir dos juros nominais (no caso, a meta da taxa Selic), a Inflação (IPCA), chegando assim a um resultado, que, quando positivo, indica que estamos ficando cada vez mais ricos.
Por exemplo: de forma hipotética, podemos considerar a taxa Selic atual 6% ao ano e deduzir dela a inflação acumulada nos últimos 12 meses e teremos o seguinte valor:
Juros real = (1+juros nominal/1+Inflação)-1
Juros real = (1,06/1,0327)-1
Juros Real = 2,64%
Logo, como vemos, nosso juro real nesse período hipotético seria de 2,64% ao ano. Parece pouco ao olhar assim, mas basta dizer que esse é um dos maiores juros real do mundo.
Com esses juros reais o pensamento de longo prazo se beneficia, já que ter os juros compostos agindo acima da inflação é um dos melhores caminhos para a valorização saudável de nosso capital.
Claro que agora você deixará na renda fixa somente aquela parte mais conservadora de sua carteira, enquanto busca melhores oportunidades de investimento em outro segmento que se adapte ao seu perfil de investidor.
A segunda pergunta era se agora deveria ser interessante buscar investimentos de maior risco.
Isso, na verdade, depende de seu Perfil de Investidor. Se você não suporta a volatilidade em sua carteira, de nada adianta buscar esses investimentos. Mas, se você tem perfil para a renda variável, esse é um bom momento para buscar diversificar seu dinheiro.
Também deve-se saber que a renda variável conta com diversos ativos (não somente ações) que podem trazer bom retorno com risco mais balanceado. Alguns exemplos são: Fundos de Investimento em Debêntures Incentivadas (esse ainda é renda fixa), Fundos Multimercado, Fundos de Ações, Futuros e Derivativos, Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), ETFs, etc.
Logo, cabe a você estudar e buscar bons assessores de investimentos para lhe auxiliar no melhor rumo para seus investimentos. Por fim, posso dizer que tome cuidado com a chuva de propagandas oferecendo oportunidades únicas e imperdíveis de investimento e lembrem sempre da definição de investimentos dada pelo economista inglês Benjamin Graham:
“Uma operação de investimento é aquela que, após análise profunda, promete a segurança do principal e um retorno adequado. As operações que não atendem essas condições são especulativas”.
Então, estude e busque realmente bons conselhos para garantir que seu dinheiro não corra riscos desnecessários e ainda lhe garanta um bom rendimento.
Sem mais para o momento, desejo a todos ótimos investimentos.
Até a próxima.
(*) David Rocha escreve semanalmente, às terças-feiras. Ele é assessor de investimentos e educador financeiro, que vive o mercado diariamente, desde 2011, e autor do livro Tesouro Direto – Um Caminho para a liberdade financeira de 2016.