Por Valtênio Paes (*)
O planeta vem passando cada vez mais por tragédias ambientais inimagináveis há algumas décadas. O Brasil é atualmente o sexto país do mundo que mais sofre com catástrofes climáticas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Vazamento de óleo do petroleiro Tarik Iba Ziyad na Baía de Guanabara (1975); Vale da Morte em (1980), com liberação de gases tóxicos pelas indústrias do polo petroquímico de Cubatão; o acidente com césio-137 em Goiânia (1987); vazamento de óleo na Baía de Guanabara (2000); rompimento da barragem em Cataguases (2003); rompimento de barragem Bom Jardim em Miraí (2007), interior do estado de Minas Gerais; rompimento da barragem do Fundão em Mariana (2015); rompimento da barragem Mina do Feijão em Brumadinho (2019), e tantas outras.
Como se não bastassem, enchentes recentes em estados do Sudeste, Sul, e alguns no nordeste, secas noutras regiões como Amazônia e Nordeste passaram a ser frequentes. Leonardo Boff em sua obra “Ehos Mundial” desde 2003 já propusera:
… “ não só a razão, mas também o coração;
“não a cultura material, mas também a cultura espiritual;
“não só a liberdade, mas também a justiça;
“não só a igualdade, mas também a pluralidade;
“não só a coexistência, mas também paz;
“não só produtividade, mas também solidariedade para com a natureza e as gerações futuras” ….
Crescimento populacional, desigualdade, destruição ambiental justificados sob o pretexto da razão, do interesse material, da liberdade de construir e da produtividade, fundam-se, mesmo que se diga, eticamente, numa ética individualista que terceiriza a culpa prisioneira da consciência.
Quem faz a reflexão e pratica o pensamento de Leonardo Boff exercita uma ética fundada no coletivo e na inclusão, em consenso com a comunidade terrena, razão de ser da verdadeira espiritualidade.