Por Luciano Correia (*)
Não fosse pelo belo João, este rapaz de dois anos que irresponsavelmente coloquei neste mundo virado pelo avesso, eu até torcia para o circo pegar fogo, comigo e a canalhada dentro. Mas meu inocente bebê não merece o apocalipse que se avizinha, de modo que, mesmo irracionalmente, aposto em vivermos sossegados do lado de baixo do Equador. Trump derramou um juízo final em decretos presidenciais na mesma madrugada em que tomou posse. Enquanto dançava valsa com aquela mulé esquisita e seu estranho chapéu, soltava jorradas de decretos-bombas, dando início finalmente ao fim do mundo.
O “programa” de Trump é um cavalo de pau tão doido que a gente às vezes pensa que não é um filme de comédia pastelão. Ao mesmo tempo, o personagem é tão sem noção que, vá lá, talvez tenha coragem de explodir o mundo com ele dentro. É diferente dos populistas de esquerda, que prometem mundos e fundos e não entregam nada. Aqui, até agora, Lula isentou de impostos os assalariados de até cinco mil, mas travou o Benefício de Prestação Continuada com o argumento cínico de que havia gente fraudando o sistema, enquanto os parasitas da Faria Lima levam 52 por cento do orçamento da nação para girar a ciranda do mercado financeiro. E pela primeira vez na história colocou teto no salário-mínimo. Até então conhecíamos o salário-mínimo, que já era um piso minimante necessário à sobrevivência, embora sem dignidade. Agora inventaram o teto. Hoje o Brasil tem o segundo pior mínimo da América Latina. Só perde para a Guatemala.
Já Donald Trump é um político que em algumas situações fala a verdade. Se ele promete inferno, podem esperar labaredas, choro e ranger de dentes. A ver pelas primeiras medidas, todas tão impactantes que levam insegurança ao próprio país dele. A ameaça de tomar o canal do Panamá, anexar o Canadá e Groenlândia e mudar o nome do Golfo do México são tão estapafúrdias que só aumentam a desconfiança de cientistas americanos de que o novo presidente está em pleno processo de demência. De todo modo, vamos aguardar os próximos capítulos. Alguém que promete restaurar a grandeza de um país em ruínas, com a moeda ameaçada e milhões morando nas ruas só pode estar delirando. Talvez o que estejamos assistindo mesmo seja a derrocada final de um império.
Mas o melhor da festa foi a crônica social. Os deputados brasileiros, igual aos juízes, os mais bem pagos do mundo, com diárias em dólares e hotéis de luxo, dando com a cara na porta da posse. Eduardo Bolsonaro e sua fogosa madrasta não conseguiu convites nem para a série J do cerimonial. Assistiram a tudo de um telão num ginásio a alguns quilômetros do banquete oficial, num frio de renguear cusco, como se diz no meu Rio Grande. Na noite anterior participaram de um regabofe da direita americana, mas, a contragosto de milicianos de sua estirpe, tiveram que bancar a conta do farnel.
A uma jornalista brasileira, Trump disse, quase literalmente, que está lixando para o Brasil, que eles não precisam de nós e que nós é que precisamos deles. Desinformado, não entende nada de economia. O Brasil, se Lula tiver um restinho de sangue na veia, deve formar com os Brics, esse formidável encontro do Sul Global que promete uma nova geopolítica no mundo, a única boa novidade das últimas décadas. Com tanta virulência e desprezo pelo nosso país, custa a crer que Bolsonaro se desmanchou em lágrimas enquanto assistia de casa, emocionado, à posse de quem considera “seu amigo”. Que patacoada!
Além dele, seu pupilo mais “refinado”, o também ultradireitista Tarcísio de Freitas saudava, boné de Trump na cabeça, “a vitória do conservadorismo, do patriotismo, da prosperidade, da liberdade”. Como alguém que afirma querer melhorar o Brasil, como Bolsonaro ou Tarcísio, dois seguidores fiéis de Donald Trump, podem torcer por alguém que pensa isso do nosso país, um louco com poder, dinheiro e armas nas mãos que promete sobretaxar produtos brasileiros e nos impor sanções? Lembrando a clássica frase do então embaixador brasileiro Juracy Magalhães em Washington nos anos 60, nem tudo que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil. Deveremos ir mais longe: quando é bom para os EUA, seguramente é péssimo para o Brasil. Só quero ver os deputados da bancada do agronegócio sair dessa esparrela.
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