Um show dos bons:  Téssera se reinventa, Rock Xote arrebenta e o The Stones representa   

Juliana Melo (*)

Já imaginou assistir a um show da banda Téssera por apenas 20 reais? Então é bom se apressar para não ficar de fora da oportunidade que ofertará ao contemplado, por meio de uma rifa, um showzão exclusivo, com duração de duas horas contendo um repertório que engloba os melhores clássicos internacionais do rock. O show será realizado após o fim do decreto de isolamento social e o sorteio acontece pela Loteria Federal sendo realizado no dia 4 de julho. Para participar e obter mais informações basta acessar esse link da banda.

A Banda Téssera contempla hits do rock clássico internacional dos anos 60 até o início dos anos 2000. Possui em seu repertorio músicas de bandas como Queen, Guns N’ Roses e Aerosmithem. Em  novembro o grupo completará três anos de muitos trabalhos, sendo esses, shows quase todos os finais de semana em pubs da capital, apresentações em eventos como St. Patrick’s Day, Moto Fest e Carnivoria, além das festas particulares que a Téssera costuma realizar.

Bruno Kelvernek, vocalista da banda, começou inicialmente a se apresentar em dupla com o primo Ruy Salgado, hoje a dupla transformou-se na banda que é composta por cinco músicos.

Com uma média de 100 shows por ano na capital, devido à pandemia ocasionada pelo novo coronavírus, Bruno tenta se reinventar para garantir o seu sustento financeiro. Além de ser vocalista da Téssera, o jovem é ator e professor de teatro da sua própria oficina de improvisos e criatividade, a oficina de improvisadores. Diante da atual realidade de distanciamento social, o vocalista sente o impacto diretamente no bolso.

“Eu vivo da arte. Tanto os shows como as aulas e os espetáculos de teatro pararam e com isso a minha renda financeira também parou. A Téssera fez e participou de lives no início da pandemia, mas as grandes bandas começaram a tocar e nisso fomos perdendo nosso público. O recurso financeiro que a banda conseguiu arrecadar na última live eu dediquei a minha casa de improviso teatral, porque eu preciso pagar o aluguel do local. Meus companheiros musicais entendem a minha situação. É difícil se manter, financeiramente falando, apenas por meio da arte no atual cenário em que vivemos”, reforça o artista.

Visibilidade

O berço que abrigou e auxiliou no crescimento da banda foi o pub The Stones  localizado na avenida Gonçalo Prado Rollemberg, no bairro Treze de Julho. O estabelecimento comercial surgiu um mês antes da existência da banda e teve a Téssera desde o princípio em seus palcos. O último aniversário da banda foi realizado no próprio pub. A banda ganhou visibilidade por causa da casa noturna de rock, e hoje a casa ganha muitos clientes que são fãs da Téssera.

Os proprietários do pub, Ricardo Araújo e André Vilela tentaram, no início das restrições sociais,  promover algumas lives com os artistas que tocam na casa para ajuda-los no sustento. As lives aconteciam no próprio Stones, mas a iniciativa foi vetada por algumas críticas oriundas da sociedade.

“Nós tentamos ajudar uma classe, mas infelizmente algumas pessoas se incomodaram e optamos por encerrar as lives. Apenas divulgamos quando nossos artistas produzem as apresentações online de forma independente.  Recebemos críticas dizendo que os músicos  estavam em um mesmo ambiente juntos, que não estavam respeitando o isolamento  e isso foi nos desanimando, nos entristecendo. Tínhamos uma boa intenção, entreter nosso público e possibilitar o trabalho para os nossos músicos, mas achamos melhor desistir”,  lamenta Ricardo

“Eu liguei para uma amiga e perguntei se existia alguma instituição que precisava de ajuda. Ela me indicou esse lar, eu entrei em contato para saber se eles aceitavam. A moça que atendeu disse que eu era um anjo, porque naquele exato momento ela estava tentando ver o que os idosos iam jantar. Isso é muito gratificante. Eu falo para incentivar e não para me engrandecer. Muitos alimentos que existem em bares podem  estragar, então por que não doar para quem precisa? Eu lanço o desafio hoje para os bares que ainda não doaram que também doem.

O pub

O The Stones foi inaugurado em outubro de 2017 e recebeu esse nome devido a sua estrutura física. O bar, rústico e sofisticado, tem na construção da sua estrutura, pedras, por isso a denominação The Stones Pub, o bar de pedras, em inglês. O estilo do pub se embasa em bares de Londres e  Amsterdã.

O estabelecimento sempre realiza noites temáticas, a exemplo da noite Rock Brazuca  (com três bandas, cada uma tocando uma banda nacional como Legião Urbana, Engenheiros do Havaí , Los Hermanos e o Rappa). A casa realiza, também, especiais do Queen e festas dedicadas a datas comemorativas como Halloween, na área externa do pub,  bailinhos de carnaval e arraiais de São João com bandas que tocam rock em forma de xote. Já passaram pelas casa apresentações de artistas como Supla, Júnior Groovador e o cover do  Guns N’ Roses de São Paulo.

Outro forte da casa é a realização das festas Oktoberfest e St. Patrick’s Day, funcionando de quarta a sábado e tendo os primeiros dois dias como o happy hour do local, com entrada gratuita e promoções de chopp dobrado das 18 às 22h. Por semana, o pub  já chegou a ter 500 a 600 pessoas. Às vezes, em média, passam pelo Stones de 600 a 70 pessoas por semana, depende muito.

“Nós esperamos que tudo fique bem. Nosso objetivo é emanar energia positiva. Não acreditamos em um novo normal, o normal é se curtir, se abraçar, se beijar, é isso que temos que querer recuperar novamente, e não se adaptar a um mundo sem abraço, sem poder ir a shows, praias. Isso não existe. O momento que estamos vivendo é uma oportunidade de mudarmos os pensamentos, revermos a vida e sairmos dessa como pessoas melhores”, reflete Ricardo.

Uma das bandas que iria se apresentar no arraiá da casa era a Rock Xote que toca rock com batidas de xote, tendo como vocalistas o Igor Rodsi e o  John Nacio.

Igor tem um projeto pop rock denominado de Igor Rodsi, que é um trabalho solo realizado o ano inteiro, contemplando diversas músicas. Há quatro anos o artista montou a Rock Xote.

“A música é tocada exatamente igual a que nós tocamos em shows de rock, só mudando a batida. O solo e os arranjos são de rock and roll. Fazemos isso com músicas nacionais como também internacionais. Somos fiéis à canção, modificamos apenas a batida para transformá-la em xote, é muito interessante. Eu sempre gostei de forró, apesar de ser roqueiro, e a junção disso teve um resultado muito bom”, conta o artista.

Daqui a três semana o  Igor vai montar seu  material autoral com 14 músicas. Todas as quartas, sextas, sábados e domingos o artista realiza lives em seu Instagram pessoal com duas horas de duração.

“Como não posso fazer os shows particulares me reinvento assim, pois é difícil me manter financeiramente. Esse seria o quarto São João de apresentação da Rock Xote, infelizmente não podemos explanar nosso trabalho. Agora é esperar, com fé, o ano que vem”. Escute agora o CD da banda.

Acompanhe um vídeo com as apresentações da banda Téssera no Stones antes do período de isolamento social, assim como da banda Rock Xote.

(*) Estagiária sob orientação do jornalista Antônio Carlos Garcia