Você já pensou em quantas vezes estamos a contar histórias, dia após dia? Já parou para pensar que a todo instante estamos diante da necessidade de contar algo, de narrar algum acontecimento, de expor em forma de “contação” ou “resenha”, um fato recente ou até mesmo um mais antigo? Mas, para quê servem as histórias que insistimos tanto em contar ou, pasmem, que precisamos, por um ou outro motivo, esconder? Certamente não chegaremos a nenhuma definição plena, mas podemos mexer neste imenso baú interpretativo que nos rodeia desde que começamos a nos importar com os efeitos da comunicação em nossas vidas – ou seja, desde sempre. Sim, chegaremos a respostas razoáveis, mas não definitivas.
Os argumentos que podem ser utilizados para explicar (ou tentar responder) este questionamento nos remete à própria trajetória do Homem, de forma direta ou indireta. Nossos ancestrais possuíam o belo costume de se reunirem assim que a noite tombava através dos horizontes e, ao redor de fogueiras em brasa e de labaredas crepitantes, os mais velhos exerciam seus dotes e poderes de historiar (estoriar) aos mais jovens. Era desta forma que as lendas e os mitos iam sendo transmitidos gerações após gerações. E desta maneira a vida era perpetuada, as árvores eram tomadas de uma magia vital e as belezas naturais realçadas, os campos se alongavam em distâncias, os sóis se repartiam em vários tons e estações, e tudo o mais vencia a barreira imposta pelo ser-Tempo.
Com esta força simbólica impressionante e incomensurável, o que temos a dizer, a falar, a gritar, a externar, sempre teve papel fundamental em nossas vidas, em nossa evolução enquanto seres humanos detentores de uma tal capacidade racional perante nossas escolhas e decisões. Seduzidos, pois, pelo fascínio causado pelas palavras, sempre estivemos diante de seus caprichos. Porém, a palavra dita, escrita, falada, cantada, expressa ou o que quer que seja, também é hoje uma espécie de arma contra as diversas formas de injustiça, de destemperança, de intolerância, de desigualdade, de afrontamento às nossas liberdades, de aprisionamento, de opressão e de terror. As histórias também servem para nos salvar de nós mesmos. Acredite!
Todos sabemos. Literatura é arte. Arte é também ação política. Literatura é enfrentamento e contestação. Literatura é denúncia e crítica, janela para o outro que também somos. A literatura está a todo instante se renovando, até mesmo em suas funções, em suas finalidades, em seu teor pragmático. Nesta toada, as histórias servem para expôr o que de mais impiedoso há nos convívios em sociedade, revelar as agruras das relações interpessoais antes camufladas, desvelar o que antes eram espectros impostores de uma perfeição padronizada pelos costumes e pelas crenças. A literatura contemporânea tem se concentrado nisso e talvez aqui esteja o seu grande mérito ou papel a ser desempenhado. Principalmente a literatura mais consciente, que não se prende ao sistema mercadológico que há por detrás de livros de venda em massa e editoras descompromissadas com a tais causas.
Germano Viana Xavier é mestre em Letras e jornalista profissional (DRT BA 3647). Desenvolve estudos e pesquisas sobre Literatura e Direitos Humanos – Comunicação e Cultura – Literatura e Letramentos – Língua Portuguesa – Linguística – Cinema – Educação e Educomunicação. Idealizador/Coordenador Geral do Jornal de Literatura e Arte O EQUADOR DAS COISAS (ISSN 2357 8025), periódico fundado em março de 2012 e que circula no Brasil, Portugal, Estados Unidos e Irlanda. Escreve desde 2007 o blog O EQUADOR DAS COISAS, cujo arquivo conta hoje com aproximadamente 2.000 textos de sua autoria. Em 2016, seu livro de contos SOMBRAS ADENTRO foi finalista do IV Prêmio Pernambuco de Literatura. Possui publicações em livros, jornais e revistas literárias diversas. Baiano desterrado, natural da Chapada Diamantina, tem 35 anos e atualmente habita o agreste meridional pernambucano. Canal no YouTube: www.youtube.com/oequadordascoisas
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