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Uma síntese biográfica para o Dr. Osório de Araújo Ramos

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Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*)

 

Desde menino, sou instado a me entusiasmar com a história de vida das pessoas, notáveis ou não. Em particular, aquelas cujas trajetórias se fizeram fora da curva ou de “pá virada”. Capazes de subverter o ciclo da existência humana para além do apenas cumprir um viver cronológico sob os auspícios de uma divindade criadora, a meu ver amável e assegurador de nossa liberdade.

Nascido com a missão de arbitrar com justiça, correção e sabedoria, Dr. Osório de Araújo Ramos foi marcado para não se perder das vistas de Deus. Pequeno na estatura e grande em alma, deixou um legado importante não somente na história do judiciário em Sergipe, mas também no campo das ciências econômicas, da administração pública, da política e do humanismo na melhor acepção da palavra.

Atrás da toga que o investiu e o revestiu boa parte de sua vida, o ser humano Osório foi filho, irmão, esposo, pai, avô. Tendo vivido apenas 68 anos (1918-1986), sua passagem por este mundo foi um marco em tudo que se propôs a fazer e para o qual o delegaram. Como estudante, foi muito dedicado. Costumava dizer que seria necessário estudar muito, dado que o conhecimento é cumulativo. Assim, tendo vivido os primeiros anos de sua vida em Aracaju, onde nasceu, fez sua formação escolar no Colégio Tobias Barreto e depois na Escola Técnica do Comércio. Ainda como estudante, foi um dos formandos da primeira turma da Faculdade de Direito de Sergipe (1955).

Sayonara Viana, Dr. Osório Filho e Claudefranklin Monteiro Foto: Cleverton Ribeiro

Profissionalmente, começou como contabilista, atuando no antigo prédio do Tesouro Nacional, como tesoureiro-geral do Estado de Sergipe, na gestão de Dr. Leandro Maciel. Foi ainda exator em Campo do Brito, Siriri e Aracaju. Experiências que o levaram a ser professor por algum tempo, lecionando Matemática, Português e Francês (língua que dominava com maestria), se destacando em Lagarto-SE, no Colégio Comercial Laudelino Freire.

Nesse ínterim, teve complicações no campo político. Numa época de “caça às bruxas” (leia-se comunistas), Dr. Osório foi preso enquanto estudava Direito. Ele foi acusado, juntamente com outros, de reorganizar o Partido Comunista em Sergipe. Depois de algum tempo, foi solto e pôde concluir seus estudos de nível superior, mas carregando a peja de “esquerdista”, que lhe custou alguns dissabores e desconfianças durante o Regime Militar.

Mas, foi no Direito, sobretudo na magistratura que ele firmou seu nome em definitivo nos anais de História de Sergipe, atuando como juiz nas Comarcas de Riachão do Dantas, Lagarto e Estância. E depois, aposentado, como protagonista das principais ações de fortalecimento da Ordem dos Advogado do Brasil, Secção Sergipe, de modo particular ao lado do amigo Dr. Gilton Garcia, que nos deu a honra de prefaciar o livro em sua homenagem “Direito como ofício, vida como causa – Dr. Osório de Araújo Ramos”, o qual tive a satisfação de publicar com a escritora Sayonara Rodrigues Viana, pela editora Criação.

Lançado na última terça-feira, 27, nas dependências do belíssimo Memorial de Sergipe,  “Direito como ofício, vida como causa – Dr. Osório de Araújo Ramos” traz mais detalhes da síntese do biografado aqui apresentada, com textos que tornam o conhecimento sobre este importante magistrado ainda mais rico, a saber: Dra. Clara Leite de Rezende, Dr. Ruy Pinheiro, Dr. Clóvis Barbosa, Dr. Manuel Pascoal Nabuco D´Ávila, Dr. José Carlos de Oliveira Filho, José Lavres Filho, Adélia M. Pessoa, Dr. José Anderson Nascimento, João Lover (poema) e professor Eduardo Macêdo.

Na oportunidade do lançamento, estiveram presentes boa parte dos sete filhos do homenageado com a senhora Abgail Ferreira de Araújo Ramos, dos quais destaco o também magistrado Dr. Osório de Araújo Ramos Filho, que em sua fala de agradecimento, visivelmente emocionado, ressaltou as qualidades de pai e do ser humano sensível às causas sociais que o acompanharam por toda a sua vida, como também na seara do Direito Público.

Como o perdão da coautoria, permitam reforçar o que disse naquela noite para as TVs Sergipe e Atalaia: “Direito como ofício, vida como causa – Dr. Osório de Araújo Ramos” é uma celebração da memória de um dos sujeitos que marcaram a História de Sergipe e que colaboraram, sobremaneira, para a aplicação do Direito com correção, justiça e humanidade, legado que inspirou e inspira a muitos e que torna a existência humana uma grande aventura de amor ao próximo.

 

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Claudefranklin Monteiro

Professor doutor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe.

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