Valtênio Paes de Oliveira (*)
Países, outros estados e municípios brasileiros já firmaram posições contra os malefícios pedagógicos e neurológicos sobre a mente de crianças e adolescentes que usam celulares no interior das escolas públicas. Já tínhamos tratado por aqui, sob o título Sem relógio, sem celular e o tempo, desde janeiro de 2022. Cobramos, agora, posicionamento definitivo de gestores educacionais das escolas públicas e particulares, para impedirem o uso destes aparelhos.
Dentre tantos estudos e pesquisas, a obra “Tecnologia na Infância” da pesquisadora doutora Shimi Kang nos diz o seguinte:
“Sobre o lado sombrio do vício no uso das tecnologias ao informar que Steve Jobs, fundador da Apple limitava os filhos no uso da tecnologia e Bill Gates somente permitiu que os filhos tivessem acesso ao smartphone após os 14 anos. Possivelmente, perceberam que as pessoas podem perder o controle mental para as telas, por isso, doenças mentais estão aflorando. Famílias já contratam profissionais para liberar filhos de smartphones. O uso excessivo das telas pode ensejar redução da mielina (camada que envolve os nervos do cérebro protegendo os neurônios) provocando incapacidade para letramento. Em contrapartida, brincar, vivenciar histórias, objetos, imaginação, visualização e toques protegem e ajudam a formar mentes independentes com boa convivência. Existem amantes que preferem, numa mesma cama, trocar mensagem pelo celular em detrimento do contato físico”.
Finlândia, Holanda, Portugal, Espanha, Suíça, Letônia, Escócia e França, México, Estados Unidos, Letônia, Escócia, Canadá, França, Uzbequistão, Guiné, Bangladesh, dentre outros, já proibiram, de uma forma ou de outra, o uso de celulares nas escolas. No Brasil, cada segmento age como quer. Outros, se omitem e os malefícios proliferam na aprendizagem e saúde de estudantes. Segundo a ONU, um em cada quatro países, já proíbe uso de celulares na escola.
A cidade do Rio de Janeiro proibiu o uso de celulares por professores e alunos nas escolas. Minas Gerais e alguns outros estados também. Em Aracaju o Conselho Municipal de Educação aprovou Nota Técnica 01/2023 CONMEA fundamentando sugestões, porém gestores da educação continuam omissos enquanto os prejuízos continuam. Pior ainda, pais e/ou responsáveis, pretextando falta de tempo, entregam aparelhos para crianças de todas as idades provocando danos à saúde mental e pedagógica dos infantes.
Estudos do Pisa – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – indicam uma associação negativa entre o uso dessa tecnologia e o desempenho de estudantes no mundo. Enquanto isso, gestores do ensino público e particular em Sergipe continuam “deitados eternamente em berço esplendido”.
A omissão na proibição do uso de celulares nas escolas, enseja dano intelectual irreparável às crianças e adolescentes porque terão menor desempenho na aprendizagem. O fato possibilita condições desiguais na disputa pelo acesso ao saber. Gestores, Conselhos e regimentos escolares precisam regulamentar o uso de tecnologias. Omissão também é crime.
Muito bom