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Valores invertidos

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Durante as campanhas eleitorais, os discursos serão sempre os mesmos. Os candidatos pregam a necessidade de mudanças, iludem o povo, são eleitos e quando assumem os cargos nada fazem. Esse preâmbulo é para mostrar que nesse Estado não há mudanças visíveis em benefício da população: o Executivo vive numa eterna crise financeira, o Legislativo não se define e está sem credibilidade diante do escândalo das subvenções, o Judiciário enrola-se em sua própria toga e mantém-se distante do povo. Enfim, vive-se num Estado sem identidade e onde os valores sagrados da Constituição Federal não são cumpridos em sua plenitude.

Esse Estado pode ser definido aqui como Brasil, afinal na balbúrdia e desgoverno em que se encontra, perdeu-se e não se sabe quando se reencontrará. Mas tais definições valem também para Sergipe, para essa capital. Aqui, em termos políticos, nada se cria, apenas se reinventa roda. Essa semana, a Secretaria de Segurança disse que faria o óbvio ululante para proteger motoristas e usuários do transporte coletivo, que já sofreram cerca de 400 assaltos somente este ano. Decidiram criar uma delegacia especial para investigar os assaltos e intensificar as abordagens nos ônibus. Isso já foi feito antes, começou a dar certo e acabaram não se sabe por quê. Portanto, não há novidade nenhuma.

Quando o assunto é educação, o descaso do Estado vem de longe. E é longínqua a cadeia de descasos, porque ações aqui – sejam na segurança pública, na educação, no social – são de governo, quando deveriam ser ações de Estado. Cada governante que passa por aqui quer deixar sua marca, quer que o governo tenha suas feições e esquecem que o povo carece de políticas de Estado e não de coisas passageiras, paliativas e que só interessam ao governante.

O governo é tão ausente na vida da população que não se sensibilizou quando, em agosto do ano passado, o professor de Biologia Carlos Cristian Almeida Gomes, 33 anos, foi baleado por um aluno, porque este jovem estava insatisfeito com a nota. O professor ficou paraplégico. As agressões aos professores continuaram e essa semana, em São Cristóvão, três deles foram ameaçados por um grupo chamado Bonde do Menor.

Esses jovens de Sergipe, que moram no país que não lhes dá a mínima atenção, tentam se identificar com os grupos criminosos que atuam no eixo Rio-São Paulo. Se eles não têm bons exemplos para seguir, lamentavelmente, procuram os maus. E quando têm certeza de que o Estado é inerte, aí deitam e rolam.

Resta, então, a sociedade se rebelar contra o descaso dos governantes. Na próxima semana, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Sergipe (Sintese) fará uma assembleia com a categoria para discutir a violência. Estão todos assustados, não querem ir para a sala de aula porque o Estado não lhes dá nenhuma garantia.

Mas, aqui para nós, dá para confiar num governo desse?

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