Cultura

“Você tá pensando o quê”?

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Em pouco mais de quatro meses,  o analista de marketing pernambucano,  José Moura, 20 anos, conseguiu cerca de seis mil seguidores nas redes sociais, onde lançou um desafio para si mesmo e demais pessoas: “Você tá pensando o quê?”. O questionamento,  segundo ele, “não é um afronta, mas um desafio  e me coloca para cima todas as vezes que estou pensando que aquilo não vai dar certo. Diz muito respeito a minha opinião que vem de dentro”. Seus seguidores, principalmente, no Instagram, fazem diversos questionamentos sobre os mais variados temas que afligem o eu, e lá está  José Moura, partindo de sua experiência pessoal para ajudar as pessoas.

Até este domingo, José Moura, que atualmente reside em Goiânia e estuda Publicidade, está em Aracaju participando de um treinamento de coaching, que acontece no Hotel Real Classic com o palestrante motivacional Beto Chaves.  Numa folga e outra desse treinamento intensivo, José Moura recebeu o Só Sergipe, nos estúdios da Rádio Comércio, para uma entrevista.

SÓ SERGIPE – Qual o objetivo de sua visita a Aracaju?

JOSÉ MOURA – O objetivo principal da minha visita é um treinamento de coaching, que venho fazer  com o instrutor Beto Chaves, para desenvolver meus objetivos de forma mais  rápida.  Meu foco é ser palestrante  motivacional, pois interajo nas redes sociais com o projeto que aborda questões sociais e é baseado na minha história de vida, que não foi nenhum jardim de flores. E resolvi criar o projeto para mostrar às pessoas  que a vida tem solução; que existe um foco de luz no final do túnel. Trazendo, na verdade, a motivação para as pessoas no dia a dia.

SS – Qual o nome do projeto?

JM –  “Você tá pensando o quê?”.

SS – Como surgiu a ideia de uma pergunta tão desafiadora?

JM –  As pessoas,  hoje, estão precisando entender  o espaço do outro, o respeito, a moral, a ética. O motivo dessa pergunta é te empurrar na parede, referente a diversos assuntos. As pessoas não se baseiam em opiniões autênticas, mas sempre procuram alguém para  inibir a opinião dela que talvez ela não coloque para fora. É muito mais fácil eu supor que a sua opinião  esteja certa, quando eu não quero expor a minha.

SS – Mas essa pergunta do projeto partiu, também, de algo intrínseco, de você se desafiar com este questionamento?

JM – Sim, todos os dias. O primeiro desafio diz respeito a minha orientação sexual, porque “você tá pensando o quê?”, não é um afronta, mas um desafio  e me coloca para cima todas as vezes que estou pensando que  aquilo não vai dá certo. Diz muito  respeito a minha opinião que vem de dentro.

SS – E o fato de você ter lançando esse projeto nas redes sociais, provocando as pessoas, te dá um número expressivo de seguidores?

JM –  Hoje nas redes sociais e, principalmente, no Instagram que tenho mais afinidade. Tenho cerca de seis mil seguidores.

SS- E em quanto tempo você conseguiu esse número?

JM – Em torno de três a quarto meses. Eu percebo que as pessoas estão procurando embasamento nas opiniões, e a minha é diferente. Eu me encaixo em todos os grupos de minoria. Acho que os grupos que me representam, muitas vezes,  têm opiniões que não são corretas, não vão à frente, que eu respeito. Então, lancei esse projeto para mostrar que existem pessoas que estão correndo atrás, que querem ver um Brasil melhor de verdade. Não aquele que, quando você vai a uma palestra sai de lá motivado e 30 minutos acabou tudo. Não. Você tem que  ter no seu sangue que existe um ser humano atrás da tela, que existe alguém que precisa do seu conselho.

SS – Você aborda sua orientação sexual e que sofreu um pouco com isso.  Como foi e como está hoje?

JM – Bom. É muito engraçado, porque as pessoas hoje se baseiam muito na aparência. Quando você aparenta que tem uma boa colocação no mercado, que tem uma roda de amigos influentes, é totalmente diferente.  Comparando com o tempo em que morava em Caruaru (PE), que eu era considerado um zé ninguém, hoje o preconceito  diminuiu. Mas eu sempre fui a mesma pessoa. Só que elas  preferem  enxergar que eu estou evoluindo com base naquilo que estão pensando. E eu estou dizendo, não gente. Eu sempre fui essa pessoa. Quero mostrar que todos têm um lugar ao sol para brilhar. Sofri muito preconceito e através dele, estou transformando tudo em coisas boas e transformando as pessoas também.   Quero mostrar que nem tudo é negativo. Que de toda história ruim, sempre há o lado bom.

 

SS –  Será que o negativo não está na cabeça de todos nós? Na forma como nos enxergamos e nos inserimos?

JM – Sim, sim. Eu tenho  um vídeo no meu canal do Youtube que falo exatamente sobre isso. A minha sexualidade, principalmente, sempre foi um tabu, porque que não tinha estudo suficiente para distinguir o que eu era, a minha orientação sexual, o que eu optava ou não. E quando minha mãe disse:  ‘calma, está tudo bem’, os problemas que eu tinha no colégio, na sociedade, caíram. Não existiam mais para mim. Muita coisa eu criava na minha mente. Hoje eu entro em todos os lugares e não existe isso. Somos todos iguais. Quando eu entendi isso, meus problemas acabaram.

SS – Você também está em Aracaju para divulgar seu projeto?

JM – Sim, divulgar meu projeto, falar da minha ideologia. Conhecer um pouco da cidade. Principalmente, levar meu projeto para empresas, faculdades, instituições que tenham interesse nesses assuntos para humanizar as pessoas.

SS – E em quais redes sociais os sergipanos podem te encontrar e te seguir?

JM – Estou no Instragram com “oujose”, no Youtube e Facebook,  José Moura; e ainda no Twitter, oujose.

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Antônio Carlos Garcia

CEO do Só Sergipe

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