Orla da Atalaia em Aracaju Foto: Erick O'Hara
Por Thiago Santos (*)
Neste dia 17 de março de 2025, Aracaju celebra seus 170 anos como capital de Sergipe, um marco histórico que remonta a 1855, quando a administração provincial foi transferida de São Cristóvão para a nova cidade planejada às margens do rio Sergipe. A mudança não foi apenas geográfica, mas estratégica, como explica o historiador Renaldo Ribeiro Rocha. Ele destaca que as elites da época visavam a criação de um porto eficiente, que facilitasse a exportação de açúcar, superando os altos custos de transporte terrestre. “Aracaju nasceu com um propósito claro: ser uma cidade voltada para o comércio e a exportação”, afirma o historiador.
Porém, os primeiros anos da cidade não foram fáceis. Terrenos pantanosos, surtos de cólera e a falta de infraestrutura desafiaram os habitantes. Nesse contexto, a figura de Inácio Joaquim Barbosa, presidente provincial nomeado pelo Império, foi crucial para consolidar o novo arranjo urbano, simbolizando o poder das elites locais. No entanto, a história de Aracaju é feita de pessoas e suas experiências, e hoje, 170 anos depois, são os pequenos empresários e moradores da cidade que desenham o futuro da capital sergipana.
Entre as vozes que ajudam a construir o futuro da cidade está Thaís Silva, enfermeira e educadora de 27 anos. Com um olhar determinado, ela observa o Mercado Municipal, um ponto de encontro vibrante da comunidade, e compartilha sua visão sobre o cenário local. “A resistência a propostas inovadoras, como cafés temáticos ou lojas sustentáveis, ainda é grande. O público precisa enxergar valor nessas iniciativas”, afirma Thaís, que também se preocupa com a saúde pública. Para ela, as UPAs estão superlotadas, e muitos dos casos atendidos poderiam ser resolvidos em unidades básicas de saúde (UBSs) com campanhas educativas. Sua proposta de realizar oficinas em praças, ensinando alternativas saudáveis, reflete seu compromisso com a comunidade.
Outro importante personagem dessa nova Aracaju é Everton dos Santos, empresário de 67 anos, ex-bancário e consultor. Com um olhar perspicaz, ele acredita que Sergipe tem o potencial de se tornar um laboratório econômico, diversificando setores como turismo ecológico, gás natural e agroindústria, à semelhança de estados como Santa Catarina. Ele sugere a modernização do Porto de Aracaju e o fortalecimento de parcerias público-privadas, acreditando que isso pode transformar a cidade em um hub de exportação de frutas e pescado. No entanto, Everton alerta para a necessidade de priorizar a infraestrutura e evitar que a política partidária interfira nesse progresso.
Adelino Prata, barbeiro de 76 anos e uma memória viva do bairro 18 do Forte, também desempenha um papel crucial na construção da identidade da cidade. Com um olhar nostálgico, ele recorda histórias do passado enquanto corta o cabelo de um cliente. Para ele, a região sempre foi difícil para o comércio, e sua barbearia, que sobrevive desde 1968, sofre com a falta de políticas públicas voltadas para a revitalização do bairro. “Campanhas como ‘Compre do Local’ podem ajudar”, acredita Adelino, enfatizando a importância de valorizar a história e a cultura local.
Zavanice Farias, uma confeiteira e microempreendedora, também contribui para o panorama da cidade. Com seu sorriso radiante, ela fala sobre o imenso potencial da gastronomia aracajuana, com seus ingredientes únicos, como o caju e a mangaba. No entanto, Zavanice observa que 80% dos doceiros da cidade ainda atuam na informalidade, sem acesso a cursos ou crédito. Seu sonho é ver feiras como o ‘Mercado do Caju’ e roteiros que conectem engenhos históricos a confeitarias modernas, tornando a gastronomia local um ponto de atração e exportação. “Imagine geleias de mangaba em embalagens sustentáveis exportadas para São Paulo!”, diz ela, refletindo sua paixão pela culinária local.
A cidade, que nasceu com o foco na exportação do açúcar, agora caminha para um novo tipo de empreendedorismo, mais diversificado e voltado para o futuro. Atualmente, Aracaju possui 12.500 microempreendimentos registrados, mas enfrenta desafios como a superlotação nas UPAs e uma alta taxa de informalidade no comércio, que chega a 62%, segundo dados do Sebrae.
Para que a cidade continue a prosperar, é fundamental diversificar a economia, apoiando a modernização do Porto, o turismo e a agroindústria. Além disso, é essencial promover políticas de apoio aos microempresários, garantindo acesso a crédito e incentivando a formalização dos negócios. A saúde preventiva também deve ser priorizada, por meio de ações comunitárias e educativas, para melhorar a qualidade de vida da população.
A história de Aracaju, construída por pessoas como Adelino, Thaís, Everton e Zavanice, nos ensina que a cidade não é feita apenas de números e datas, mas de sonhos, desafios e conquistas. Ao celebrar seus 170 anos, Aracaju não apenas reflete sobre seu passado, mas também convida todos a se unirem em um futuro promissor, onde o empreendedorismo, a inovação e a cultura local se entrelaçam para traçar o caminho da prosperidade.
(*) Estagiário de Jornalismo sob supervisão de Antônio Carlos Garcia
O prazo de entrega da Declaração Anual do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF)…
Por Rivaldo Frias (*) “Para o indivíduo que alcança a unidade no interior…
A Optimus Technology Group, empresa global de tecnologia, vai investir US$ 1 bilhão, nos…
O Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian revelou que, em janeiro deste ano, 75.933…
Em virtude do feriado municipal desta segunda-feira 17 de março, em comemoração ao aniversário…
A Prefeitura de Aracaju vai disponibilizar ônibus gratuitos para facilitar o acesso da população…