Entrevista

Watson, atleta sergipano de Jiu-Jitsu, faz sucesso na Europa e diz “que não existe limite para o aprendizado”

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Embora tenha um nome famoso e já imortalizado na literatura, o Watson que nasceu em Aracaju há 38 anos não é auxiliar de Sherlock Holmes, o mais importante detetive criado pelo médico e escritor Sir Arthur Conan Doyle. Sua praia, ou melhor, seu chão é outro. Ele é faixa roxa de Jiu-Jitsu, mora há nove meses em Viseu – que fica entre o norte e o centro de Portugal -, e já conquistou em campeonatos sete medalhas de ouro e duas de prata. Ele mora com o filho, Saulo Elói, 10 anos, e integra a equipe Delariva Viseu, já competiu na França e agora se prepara para uma série de competições no próximo ano. É que Viseu será, em 2024, a cidade sede do desporto em Portugal. “Acompanhando o projeto da equipe Delariva Viseu iremos aproveitar essa sucessão de eventos que vai ocorrer em 2024 para promover o nosso desporto junto da comunidade, através de apresentações, demonstrações e realização de um campeonato de jiu-jitsu em Viseu apadrinhado pela nossa equipe”, afirmou Watson.
Watson, o 3º da direita para a esquerda com o kimono preto, e o seu filho Saulo, o terceiro, da esquerda para a direita de azul
Quando desembarcou em Portugal, Watson levou na bagagem mais de 30 medalhas conquistadas em diversas competições no Brasil . E diz que, “com os ensinamentos e profissionalismo que os professores da Equipe Delariva Viseu me passam, vejo que não existe limite para o aprendizado”.

Mas como foi que o Jiu-jitsu, a arte da suavidade, entrou na vida de Watson?  Para incentivar o filho Saulo – o “miúdo” (é assim que os portugueses chamam as crianças) – a melhorar a concentração.

“Começamos a perceber que ele tinha talento para o esporte. Então decidi, após um ano, também entrar no intuito de motivá-lo, e acabei me apaixonando. Com três meses praticando, participei da minha primeira competição na qual fui campeão, e daí são mais de 30 medalhas, na sua grande maioria de ouro”, contou o Watson.

Em Viseu,  Watson trabalha numa montadora de veículos, treina bastante e também cuida do filho. Os seus planos são de continuar na Europa e seu pensamento de vir ao Brasil é para ver a família – “meu vô e minha vó e meus pais” – e seguir a vida nas terras de além-mar.  Com a humildade de todo atleta que sabe da sua capacidade, Watson diz que fica a critério da avaliação dos professores para ele chegar à faixa preta.

O competidor de Jiu-jitsu mantém seu foco nas competições, mas a equipe tem um projeto de incluí-lo como professor.

Elementar, meu caro Watson, elementar!

Portanto, não perca a leitura desta entrevista que o Watson concedeu ao Só Sergipe, diretamente de Viseu, e fique sabendo dos detalhes sobre a vida do atleta.
Medalha de prata no European Jiu-Jitsu

SÓ SERGIPE – Desde que foi para Portugal, você vem se destacando no Jiu-jitsu, hoje integra a equipe Delariva Viseu. O que o motivou morar em Portugal, mais especificamente em Viseu? Há quanto tempo você mora em terras lusitanas?

WATSON JÚNIOR – O amigo e professor de Jiu-jitsu, professor Zenon, já tinha o projeto de vir a Portugal e abrir uma academia. Como eu já tinha essa ideia de mudança, o acompanhei nesse sonho. Ele veio e chegou a Lisboa em fevereiro de 2022 e mediante as dificuldades dos imigrantes acabou trabalhando em outra área. Eu cheguei a Portugal em junho de 2022 e não conseguindo arrendamento em Lisboa surgiu a oportunidade de vir pra Viseu, e aqui estou há nove meses.

SÓ SERGIPE – Você começou a treinar em Aracaju. Conte-me um pouco da sua trajetória no esporte aqui no Brasil.

WATSON JÚNIOR – O Jiu-jitsu entrou na minha vida através de uma ideia que tive com relação ao meu filho. O  objetivo era de melhorar a concentração dele, proporcionar autoestima e principalmente disciplina. Vi que o esporte o ajudaria bastante. Começamos a perceber que ele tinha talento para o mesmo e decidi, após um ano, também entrar no intuito de motivá-lo, e acabei me apaixonando. Com três meses praticando, participei da minha primeira competição na qual fui campeão, e daí são mais de 30 medalhas na sua grande maioria de ouro.

SÓ SERGIPE – O aprendizado com os mestres no Brasil se complementa hoje com os mestres europeus?

WATSON JÚNIOR – Sem dúvidas, pois todo aprendizado que me foi passado pelo mestre e amigo Eric Nunes da equipe Gaditas CTA eu trouxe na bagagem. E com os ensinamentos e profissionalismo que os professores da Equipe Delariva Viseu me passam, vejo que não existe limite para o aprendizado.

SÓ SERGIPE – Para você, qual a diferença entre treinar no Brasil e na Europa?

WATSON JÚNIOR – O Brasil está um passo à frente nesse esporte, porém a dedicação e a vontade dos europeus em ter o mesmo nível, faz com que os treinamentos sejam cada vez mais intensos.

SÓ SERGIPE – Você acredita que na Europa, onde já ganhou lutas importantes, há mais chances para o seu crescimento no esporte do que no Brasil?

WATSON JÚNIOR – Sim, especialmente porque hoje a concorrência é menor. Tenho que aproveitar esse momento para evoluir cada dia mais e assim alcançar meus objetivos.

SÓ SERGIPE – Como funciona essa questão de patrocínios de empresas privadas e ajuda do governo para incentivar o esporte em Portugal?

WATSON JÚNIOR – Aqui o esporte ainda está “engatinhando”. Digo com relação ao incentivo por parte de empresários e governo, pois como o jiu-jitsu não é um esporte olímpico, na visão deles, é menos importante. Essa é a minha visão, apesar de a Equipe Delariva Viseu estar sediada no pavilhão de desporto municipal.

SÓ SERGIPE – Aqui no Brasil, como se deu essa relação? Você e sua equipe tiveram facilidades ou dificuldades – tanto no setor público como no privado – na busca de apoio para  participar de campeonatos?

WATSON JÚNIOR – Apesar de não ter quase precisado de apoio, sempre que precisei me foi concedido. Sobre a equipe não sei informar.

Colecionando vitórias

SÓ SERGIPE – No ano de 2024, Viseu será a cidade sede do desporto em Portugal.  Como está sendo o seu planejamento e de sua equipe para o próximo ano?

WATSON JÚNIOR – Acompanhando o projeto da equipe Delariva Viseu iremos aproveitar essa sucessão de eventos que vão ocorrer em 2024 para promover o nosso desporto junto da comunidade, através de apresentações, demonstrações e realização de um campeonato de jiu-jitsu em Viseu apadrinhado pela nossa equipe.

SÓ SERGIPE – Neste planejamento está previsto participar de exames para, também em 2024, chegar à faixa preta?

WATSON JÚNIOR – Isso fica a critério dos professores.

SÓ SERGIPE – Quantos campeonatos você já venceu, tanto no Brasil, como na Europa?

WATSON JÚNIOR – No Brasil acredito que uns 30… não sei ao certo. E aqui na Europa, em 9 meses, participei de 4 campeonatos e um desafio de equipes, conquistando 7 medalhas, sendo 5 de ouro e 2 de prata.

Watson faz uma carreira promissora da Europa

SÓ SERGIPE – Em quais países europeus você já competiu?

WATSON JUNIOR – Portugal e França.

SÓ SERGIPE – O fato de você estar se destacando como atleta em Portugal,  facilita  para que você obtenha a cidadania portuguesa? Esse é seu objetivo?

WATSON JÚNIOR – Ainda não tenho essa informação, mas com certeza é meu objetivo.

Foco é fundamental

SÓ SERGIPE – Além de treinar, você – como faixa roxa – também ensina jiu-jitsu em Portugal?  Ou exerce outra atividade profissional, como ocorria aqui no Brasil?

WATSON JÚNIOR – Meu foco hoje é competição apesar de a equipe ter um projeto para me incluir como professor. Também exerço outra atividade, trabalho numa multinacional na linha de montagem de veículos.

SÓ SERGIPE – Seu filho, Saulo Eloi Teixeira, 10 anos, segue os passos do pai e treina aí em Portugal com o professor Rogério Hayla. Saulo já é um atleta competidor ou está sendo preparado para isso?

WATSON JÚNIOR – Quando morava no Brasil já participava de competições, inclusive, na sua maioria, subindo no lugar mais alto do pódio. Tem talento impressionante e está sendo muito bem treinado pelo professor e também competidor de Jiu-jitsu e MMA Rogério Hayla.

SÓ SERGIPE – Está tranquilo para o Saulo conciliar os treinamentos com os estudos?

WATSON JÚNIOR – Como os horários das aulas aqui são bastante diferentes do que acontece no Brasil, fica bastante tranquilo conciliar.

SÓ SERGIPE – Que conselho você pode dar para seus colegas sergipanos que veem você se destacando em terras lusitanas?

WATSON JÚNIOR – Para essa resposta segue uma estrofe de uma música (Sonho possível, de Mc Rach & DJ Tripa)

“Acredita seu sonho é possível corre, vai atrás

Então, não desista de tanto insistir garanto uma hora vai”.

Assista a uma das lutas de Watson:

 

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Antônio Carlos Garcia

CEO do Só Sergipe

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