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Nilton Santana[1]
Segundo o estoicismo nos cabe fazer o melhor com aquilo que temos em nossas mãos e, depois disso, estarmos tranquilos, independente do resultado. O empenho está em suas mãos, o resultado não.
O jogo de xadrez pode nos ensinar muito sobre o estoicismo, porque o estoicismo é também sobre as coisas que podemos e as que não podemos controlar. O enxadrista não sabe se terá sucesso em seu jogo, mesmo assim ele traça a melhor estratégia e planeja cada jogada com a melhor tática, mas a vitória não é garantida porque as jogadas do seu adversário também modificam o jogo, e o seu adversário poderá ser tão concentrado, criativo e inteligente quanto você. Por outro lado, se o enxadrista não fizer a sua parte a derrota no jogo será a sua única certeza. O jogador de xadrez faz o seu melhor lance e serena a sua alma. Se a jogada foi realmente a melhor, ele poderá avaliar isto depois, mas naquele momento ele se envolveu de forma tão profunda que está totalmente imerso no fascinante jogo de xadrez.
O mesmo se aplica ao nosso cotidiano. O esforço, o planejamento, a estratégia, tudo isso depende unicamente de você. Mas atingir o alvo não depende somente da sua pessoa. Da mesma forma que o enxadrista, se você não se esforçar a sua única certeza é que estará no mesmo local de antes.
Então avance! Planeje! Crie estratégias! Faça o melhor com as peças que estão em suas mãos. Em resumo, realize tudo que estiver ao seu alcance e em seguida serene sua alma. As peças que estão em suas mãos simbolizam aquilo que você poderá controlar, portanto, use-as da melhor forma. As peças do adversário simbolizam tudo aquilo que não está sob o seu controle. Quando compreendemos isto profundamente passamos a perseguir os objetivos amando cada peça jogada durante a partida, porque assim como o enxadrista estamos fascinados por cada movimento, devemos nos dedicar às nossas ações e frisar somente nisto.
Em Meditações, Marco Aurélio diz que temos que imergir naquilo que estamos realizando, libertando-se das demais distrações:
“E conseguirás teu propósito se executas cada ação como se fosse a última da tua vida, desprovida de toda irreflexão (…).” (Livro II, 5)
No xadrez, os enxadristas procuram ser intensos em cada ação, isto é fundamental para que suas jogadas fluam da melhor forma, o mesmo podemos dizer de toda e cada atitude que desempenhamos na vida.
Referências
MARCO AURÉLIO. Meditações. Tradução de Thainara Castro Lima. Brasília: Editora Kiron, 2014.
[1] Nascido em Aracaju, professor de História, membro da Loja Estrela de Davi e amante dos estudos sobre religiosidades e mitologia.
